«Em 1960, o rácio era de 30 alunos para 1 professor, em todo o ensino do pré-escolar até ao secundário. Em 1985, essa razão desceria para 15 e em 2005 para 10.
Este último valor, 10 para 1, posiciona Portugal entre os países da OCDE com o mais baixo rácio aluno/professor. Aparentemente, uma relação mais baixa deveria ser um contributo positivo para a qualificação das aprendizagens. Contudo, perto de nós estão países como a Grécia, a Lituânia ou o Liechtenstein, que não primam pelos bons resultados obtidos nos testes internacionais. Pelo contrário, países que nesses testes internacionais têm obtido os melhores resultados apresentam rácios muito mais elevados: Finlândia (15/1), Holanda (16/1), Japão (16/1), Alemanha (17/1).
A ideia pré-concebida de que menos alunos por professor é favorável a melhores aprendizagens está hoje demonstrado que não tem qualquer fundamento.
Idêntica ideia faz da redução do número de alunos por turma um requisito para se obter mais sucesso educativo e melhores resultados. Mas também essa não encontra fundamentação na investigação empírica que tem sido realizada não só em Portugal como noutros países. Portugal apresenta nos últimos anos um valor médio de 23 alunos por turma, o que o coloca aquém da média dos países da OCDE (26 alunos por turma) e muito próximo de países como a Finlândia, a Dinamarca, a Suíça ou a Bélgica, mas também muito longe de países como a Coreia, o Japão, a Hungria ou a República Checa, que apresentam rácios claramente acima da média da OCDE.
A qualidade das aprendizagens não está exclusivamente dependente de termos mais professores por aluno ou turmas de dimensão mais reduzida. Na maior parte dos casos, essas relações, à primeira vista favoráveis, são mais o produto de uma má afectação e organização dos recursos do que um investimento na qualidade da educação.
No caso português, as duas últimas décadas são um bom exemplo dessa ilusão, com especial evidência na rede de escolas públicas. Desde meados da década de 90 que o número total de alunos a frequentar os diferentes níveis de ensino tem vindo a diminuir, mas nem por isso diminuiu o número total de professores e educadores. Pelo contrário, continuou a crescer, pelo menos até 2003, passando de cerca de 140 mil docentes para cerca de 160 mil.»
David Justino, Difícil é Educá-los, Fundação Francisco Manuel dos Santos, Lisboa 2010, pp. 46-47
Comentário:
Para quem tem tantas certezas nas ideias que defende, estranha-se o facto de não ter conseguido pô-las em prática na altura em que foi Ministro da Educação. Mas conseguiu deixar lá ‘semeadas’ as suas ‘brilhantes’ ideias, que germinariam com Maria de Lurdes Rodrigues, que era, só por acaso, também socióloga…
Gostaria de saber em que é que se baseou o autor destas ideias para afirmar peremptoriamente: «A ideia pré-concebida de que menos alunos por professor é favorável a melhores aprendizagens está hoje demonstrado que não tem qualquer fundamento.»
Se isso correspondesse à verdade, por que razão não se metem mais alunos em cada sala de aulas? Durante o meu percurso escolar, cheguei a estar numa turma com mais de 30 alunos e noutra com cerca de 50… E o habitual era haver sucesso.
Mas eram outros tempos!... Quem estava lá, tinha como objectivo aprender, progredir, até porque havia uma pressão familiar a favor dos bons resultados, já que a ‘raposa’ também era malvista.
Nos tempos que correm, o insucesso já não tem a conotação que tinha noutros tempos, a família, de um modo geral, não se importa com os resultados do seu educando, pela simples razão de que, mesmo ficando retido, o Estado continua a apoiá-lo, dando, assim, a ideia errada de que vale tudo. Mesmo que o aluno não faça o mínimo esforço para ter sucesso, o insucesso é encarado como culpa dos professores…
São estes sociólogos, cheios de certezas, num Mundo em constante mudança, que impõem as suas ideias na Educação, com os resultados que todos verificamos!...
E não podemos mandá-los à m*#@*?
Um comentário:
Este David Justino é um burocrata e um tecnocrata de renome. Conseguiu ser o pior Ministro da Educação que Portugal teve desde o 25 de Abril, tendo conseguido suplantar a Lurdinhas Rodrigues de má memória. Lembram-se da confusão em que megulhou o país com os Concursos de Professores? Este senhor nem colocar os docentes conseguiu. Pois é... falar é fácil e de belas intenções está o inferno cheio. Esperemos sinceramente não o voltar a ver na 24 de Julho. Mas pelo andar da carruagem...
Postar um comentário