quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sempre a mesma 'música'...

«O problema da educação está de volta»

Sejamos objectivos e directos: a questão da avaliação dos professores nunca se resolverá de forma pacífica. Se dúvidas houvesse, eis que as ameaças dos sindicatos de novas manifestações e “guerra” aberta à actual ministra da Educação (a palavra não é nossa, mas do principal sindicalista, Mário Nogueira), enterram de vez o período de estado de graça em que Isabel Alçada tem vivido.

Sejamos objectivos e claros: o único modelo de avaliação que os professores aceitam é aquele que vigora há largos anos nas escolas, e em que as apreciações ao seu trabalho são, no mínimo, subjectivas. O que está em causa neste sector (como em muitos outros na função pública) é aquilo a que estes profissionais gostam de chamar ‘direitos adquiridos’, ou seja, benesses que foram somando e de que não querem largar mão.

Resumamos então o novo ou melhor, renovado , problema: o que está agora em causa é o valor da avaliação em relação aos professores contratados. Como se sabe, Isabel Alçada optou pela política do diálogo em oposição à política dura de Maria Lurdes Rodrigues (em paralelo aliás com o caso da Saúde, entre Ana Jorge e Correia de Campos). E enquanto Lurdes Rodrigues entrou a “matar” derrubando barreiras, mas acabando por ser ela a derrubada após a megamanifestação de professores que antecedeu as eleições europeias, Isabel Alçada começou a sua missão em passo lento, preferindo ir contornando os obstáculos e somando assim hipotéticas vitórias. Mas eis que se coloca o primeiro caso concreto que a faz vacilar e que pode obrigar a recomeçar tudo de novo: os professores contratados acusam os sindicatos de terem chegado demasiado depressa a acordo com o ministério sem garantir que todas as reivindicações estavam satisfeitas; os sindicatos, por sua vez, dizem ter sido enganados pela ministra. E, nesta troca de responsabilidades, a “guerra” está de volta.

Sejamos, por fim, pragmáticos: a solução tem de passar por um modelo o mais consensual possível, que deve estar negociado até ao Verão e ser aplicado no próximo ano lectivo. De outra forma não vamos lá.

Fonte: Diário de Notícias

Comentário:

O direcção do Diário de Notícias vem, mais uma vez, defender o ponto de vista do Governo, acusando os docentes de não aceitarem nenhum modelo de avaliação, a não ser o que tem vigorado nas escolas «há largos anos». Afinal já havia avaliação antes de Maria de Lurdes Rodrigues… Há aqui algum avanço em relação ao que era dito anteriormente.

Apesar disso, concluir que «o que está em causa neste sector (como em muitos outros na função pública) é aquilo a que estes profissionais gostam de chamar ‘direitos adquiridos’, ou seja, benesses que foram somando e de que não querem largar mão» é redutor e indicia que a direcção do DN continua muito pouco informada sobre estas questões da educação.

Já agora, gostava que a mesma direcção do DN indicasse as «benesses» a que se refere, para eu reclamar as minhas!... Querem ver que eu teria direito a viatura do Estado para me deslocar para a Escola onde lecciono e estou a utilizar a minha, comprada com as minhas poupanças!...

Não aprecio jornalistas (?) cheios de certezas sobre tudo, desconhecendo aquilo que os rodeia…

Quando a realidade é vista com lentes cor-de-rosa a imagem pode agradar. Mas certamente nem todos usam essas lentes…

Um comentário:

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Subscrevo e acescento: o patético, no artigo do DN, é a absoluta indigência com que o autor sustenta (?) algumas afirmações. Atira soundbytes para o ar, com a incúria de um vulcão islandês, ignorante da realidade. Falar do que se não sabe (porque se não estudou devidamente) resulta normalmente em triste figuras. É pedir muito que os senhores jornalistas se instruam antes de debitar opiniões?...
Abraço.
JJC