Escola de Sintra dá seguimento a 11 queixas de docentes
16.04.2010 - 15:06 Por Romana Borja-Santos
A direcção da Escola Básica 2,3 de Fitares, em Sintra, onde foi aberto um inquérito pela Inspecção-Geral da Educação (IGE) para averiguar a alegada ligação entre o suicídio de um professor e a indisciplina dos seus alunos, decidiu dar agora seguimento a pelo menos 11 queixas que os docentes fizeram sobre alguns estudantes ao longo do primeiro e do segundo período de aulas e que, até agora, não tinham sido encaminhadas.
Luís era professor de Música e começou a leccionar na escola em Setembro. A 9 de Fevereiro atirou-se ao Tejo e tanto a sua família como alguns colegas, apesar de admitirem que tinha uma personalidade “frágil”, asseguram que há uma relação entre o suicídio e o facto de não ter tido apoio da escola. “Se o meu destino é sofrer dando aulas a alunos que não me respeitam e me põem fora de mim (...) a única solução apaziguadora será o suicídio”, foi uma das frases que Luís deixou no seu computador.
A morte de Luís foi noticiada a 12 de Março pelo PÚBLICO, dia em que a IGE decidiu abrir o inquérito. Na mesma altura, alguns docentes denunciaram o facto de a direcção não dar seguimento às participações disciplinares e a IGE recebeu pelo menos três queixas sobre o caso. Do livro de ponto da turma de que Luís mais se queixava constam, até Fevereiro, 12 participações. A escola garantiu em Março que esta era das melhores turmas.
O PÚBLICO questionou a IGE sobre se há alguma previsão para a conclusão do inquérito, mas não obteve resposta. Tentámos, ainda, contactar a direcção da escola, sem sucesso. Até ao momento já foram ouvidos alguns antigos e actuais docentes, assim como a irmã de Luís. Agora vão ser ouvidos os funcionários não docentes, que foram na quarta-feira chamados pela presidente do conselho geral da escola para antes de testemunharem preencherem um inquérito anónimo sobre o que pensam da indisciplina no estabelecimento.
As inquirições estão a ser feitas pelo inspector Manuel Garrinhas, mas são redigidas por uma administrativa da escola, o que deixa as testemunhas apreensivas com “fugas de informação”. “Também não gostamos do facto de o inspector ter entrado agora na carreira e de ter um escritório de advogados”, disse um docente, sob anonimato. O inspector ingressou recentemente na IGE, mas tem 51 anos e mais de 20 anos de experiência na área do Direito. O PÚBLICO contactou o seu escritório mas não foi possível perceber se Garrinhas mantém as duas actividades em paralelo. A IGE não esclareceu se é normal nestes inquéritos nomear funcionários da escola para escrever os depoimentos.
Fonte: PÚBLICO
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