Redes sociais cada vez mais usadas para vários tipos de crimes
Polícia revela que aliciamento de menores na Net está a subir
24.04.2010 - 08:16 Por Mariana Oliveira
Menores entre os 10 e os 15 anos são o grupo que mais utiliza a Internet: 92,7 por cento. Riscos estão à espreita.
Entra-se num site de conversação para falar com os amigos. Um desconhecido mete conversa. Acha-se graça. Responde-se. Aos poucos a relação vai crescendo e, em pouco tempo, partilham-se histórias e fotos. Mas do outro lado da linha pode nem sempre estar alguém com boas intenções. Um abusador ardiloso, um assaltante interessado em informações da casa de família ou um traficante que alimenta uma rede de exploração laboral. Tudo casos reais.
A maioria dos aliciamentos através da Internet são de cariz sexual e vários inspectores da PJ ouvidos pelo PÚBLICO acreditam que estão a aumentar. Como tem aumentado o acesso dos mais novos a este meio de pesquisa e conversação. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, os menores entre os 10 e os 15 anos são os que mais utilizam a Internet. Em 2008, neste grupo etário eram 92,7 por cento os que indicavam utilizar a Net, contra 87,4 na classe dos 16 aos 24 e 69,5 na dos 25 aos 34. O número desce para 5,2 por cento no último grupo etário dos 65 aos 74 anos.
Em 2005, apenas um terço dos menores entre os 10 e os 15 anos afirmava utilizar a Internet "todos ou quase todos os dias", uma percentagem que subiu para 55 por cento em 2008.
Aumento de participações
O aumento de participações, acreditam os investigadores, é sinal de uma maior consciencialização de todos, sobretudo dos pais, que na maior parte das vezes denunciam os casos. "Muitas vezes os menores nem se apercebem que estão a ser vítimas de um abuso", explica o inspector-chefe da Directoria do Centro da PJ, Camilo Oliveira, coordenador do departamento que investiga os abusos sexuais. É que quando se fala de abusos não está implícito necessariamente o contacto físico. "Podem ser exibições através da câmara web, a entrega de fotografias íntimas ou a pura existência de conversas de cariz sexual entre um adulto e um menor de 14 anos", exemplifica.
Para sensibilizar os menores para os riscos da Internet, especialmente para os aliciamentos sexuais, a Directoria do Centro da PJ assinou em Maio de 2007 um protocolo com a Direcção-Regional de Ensino do Centro. "Vamos às escolas explicar os riscos da Internet aos menores, aos professores e aos pais", concretiza Camilo Oliveira, que contabiliza 40 acções por ano. No Porto também foi feito um protocolo com a Direcção-Regional de Ensino do Norte, mas o objecto é a sensibilização para os crimes informáticos, desfiando fenómenos como o pishing (técnicas de acesso ilegítimo a contas bancárias movimentadas por Net) ou as burlas através da Net.
Falta de dados
Em
Helena Sampaio, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, mostra-se preocupada com este fenómeno e aconselha os pais a acompanharem mais os filhos na utilização das novas tecnologias. "Não vale a pena proibi-los de ter acesso à ferramenta, mas alertá-los para os perigos que eles correm com determinado tipo de utilização", afirma a psicóloga. Crianças isoladas, com problemas de socialização e de auto-estima estarão mais vulneráveis a este tipo de aliciamento. Aos pais, Helena Sampaio sugere que façam algumas simulações de algumas situações de risco, para perceber se os filhos respondem da forma adequada e aconselhá-los se necessário.
Fonte: PÚBLICO [24.04.2010]
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