Portugal, país onde nasci em tempos que já lá vão, em tempos de ditadura, mudou muito nestas últimas décadas. Se o 25 de Abril nos encheu a todos de esperança em dias melhores, que se cumpriram, em larga medida, nos últimos anos temos assistido a retrocessos vários vindos daqui e dali.
A nossa dívida externa é hoje assustadora e vai piorar em consequência e ao sabor das megalomanias e dos desvarios vários dos nossos governantes. A taxa de desemprego é hoje assustadora e vai continuar a piorar ao mesmo ritmo da destruição do emprego neste país. A sensação de insegurança é hoje mais assustadora do que nunca, fruto dos assaltos violentos, e mesmo extraordinariamente violentos, que assolam Portugal de Norte a Sul. A corrupção, ou o que vamos conhecendo dela, é hoje assustadora e mete coisas estranhas como histórias de off-shores, de robalos, de malas com dinheiro vivo para pagamentos esquisitos, de pressões para silenciar juízes, de construções desenfreadas em locais protegidos de construções desenfreadas e tenho de parar sob pena de alongar demasiado este post. Entretanto a burocracia cresceu de forma assustadora em todos os sectores, sendo o sector em que me movo um exemplo paradigmático deste crescimento desenfreado, mas também me chegam péssimas notícias de outros grupos profissionais quer sejam médicos, farmacêuticos, engenheiros, arquitectos, juízes... E, por falar em juízes, chegamos à Justiça e à imagem que hoje temos dela e que é assustadora.
E de susto em susto chegamos à qualidade dos políticos e das elites dirigentes deste país que é hoje, na maioria dos casos, absolutamente assustadora. Sem mais.
E, como é assustadora de impreparada, actua na mediocridade sem se conseguir elevar para além do exercício assustador de medíocre que faz do seu poder, seja ele pequeno ou grande, insignificante ou imenso.
E é vê-los por aí, gente que nunca foi nada de nada sem a sombra protectora de um partido político, que nunca se elevou pelo seu valor intrínseco, e que, ao apanhar-se com as rédeas do pequeno ou grande poder, incham em cima dos estrados, montados em tacões altos e pose de posso, quero e mando, de dedo em riste cortando o ar, bramindo o seu chicote, ameaçador, perante os seus subalternos que se querem dobrados, silenciosos, rastejantes, despojados de qualquer opinião, sobressalto inquietante que é preciso silenciar.
Portugal de hoje também se faz de histórias de gente assim. E este é o Portugal que não me interessa de todo.
A escola de hoje também se faz de histórias de gente assim. E esta é a escola que não me interessa de todo.
Nota final ― O meu almoço passou-se entre histórias vindas de Aveiro, contadas na primeira pessoa, que arrepiaram os meus cabelos curtos e os deixaram absolutamente em pé.
Histórias de prepotência, de autoritarismo, de má educação, da parte de quem não sabe exercer o seu papel de Director, neste caso de uma Escola.
Portugal quer-se silenciado, amordaçado, aviltado, achincalhado por parte de gente que exerce o “seu” poder sem preparação e sem escrúpulos.
Fonte: Anabela Magalhães
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