domingo, 3 de janeiro de 2010

As três prioridades de acção que poderão realmente mudar as escolas, segundo António Nóvoa


1.ª Reforçar a autonomia das escolas e dos projectos locais de educação. Não há uma escola, há muitas escolas. É preciso reforçar as escolas, a sua autonomia, a sua liberdade de organização, a sua diversidade, a sua capacidade de responder às necessidades dos alunos e das comunidades locais. E, simultaneamente, é preciso que as escolas e os professores prestem contas do seu trabalho, que haja uma avaliação efectiva, que as escolas deixem de “funcionar às cegas”.

2.ª Alterar os modos tradicionais de intervenção do Ministério da Educação. Em Portugal, o Ministério da Educação ocupa um espaço excessivo no funcionamento do sistema educativo. Não precisamos de uma mudança imaginada a partir do centro e plasmada no Diário da República. Não precisamos de programas especiais, mas de escolas credíveis, com um funcionamento regular, capazes de uma inovação constante, orgânica, capazes de promover a aprendizagem de todos os alunos.

3.ª Transformar as políticas de formação de professores e de entrada na profissão. É urgentíssimo intervir na formação de professores, pois o que se faz em muitas escolas e institutos é de uma grande pobreza científica, cultural, profissional. É urgentíssimo mudar as formas de recrutamento dos professores, criando um período probatório e integrando os jovens professores em equipas pedagógicas de acompanhamento. É urgentíssimo consolidar lideranças profissionais nas escolas, com base nos professores mais competentes e mais prestigiados, de forma a enquadrar os “menos capazes” e a definir práticas de avaliação do trabalho docente. Um dia, Jack Lang afirmou que, entre a indiferença que nos deixa inertes e a dramatização que nos destrói, temos de encontrar um lugar para a razão e para a lucidez. Ainda iremos a tempo de arrepiar caminho e instaurar um novo estilo nas políticas educativas?

Com a devida vénia ao José Matias Alves

( Blogue Terrear)

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