terça-feira, 26 de janeiro de 2010

«Dois problemas de fundo…»

Entramos em novo ciclo de soluções. Mas antes de as discutirmos revejamos os problemas de fundo que estão a montante de tudo o que se pode fazer:

O primeiro problema de fundo: a sociedade portuguesa (no seu todo e nas suas partes, quer institucionais, quer empresariais, quer individuais) não valoriza suficientemente o conhecimento nas suas múltiplas dimensões e vertentes. O mesmo é dizer: não valoriza suficientemente o estudo, o trabalho rigoroso e sistemático, a disciplina, a persistência. Não valoriza a escola e o trabalho escolar. E não valoriza porque os padrões de referência estatal e mediática dão importância a outros atributos mais espectaculares e folclóricos.

O segundo problema de fundo: o modelo de governação baseia-se na tradição centralista iluminada, juridicista que dispensa as pessoas, as instituições e as organizações de pensar, de decidir, de arriscar.

Assim se criam os círculos viciosos da dependência, da acefalia, do amorfismo social e educativo, da desresponsabilização geral.

O gérmen da desgraça educativa (diria nacional) reside nestes dois problemas: ― na falta de confiança no valor dos saberes (científicos, tecnológicos, artísticos, profissionais); esta desvalorização tem impacto claro na procura deficitária da educação e formação (estudar para quê?); tem impacto nos modos de recrutamento dos empresários (muitos deles ainda preferindo a mão-de-obra barata e pouco qualificada); explica em grande parte o abandono e insucesso escolares;

― e na falta de confiança nas pessoas, organizações e instituições (a priori quase sempre consideradas como incapazes).

Estes problemas e estas desgraças revelam uma grave crise de inteligência institucional e só podem ser eficazmente combatidos mudando radicalmente os modos de fazer a política educativa e formativa.

Com a devida vénia ao José Matias Alves

Blogue Terrear

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