Entramos em novo ciclo de soluções. Mas antes de as discutirmos revejamos os problemas de fundo que estão a montante de tudo o que se pode fazer:
O primeiro problema de fundo: a sociedade portuguesa (no seu todo e nas suas partes, quer institucionais, quer empresariais, quer individuais) não valoriza suficientemente o conhecimento nas suas múltiplas dimensões e vertentes. O mesmo é dizer: não valoriza suficientemente o estudo, o trabalho rigoroso e sistemático, a disciplina, a persistência. Não valoriza a escola e o trabalho escolar. E não valoriza porque os padrões de referência estatal e mediática dão importância a outros atributos mais espectaculares e folclóricos.
O segundo problema de fundo: o modelo de governação baseia-se na tradição centralista iluminada, juridicista que dispensa as pessoas, as instituições e as organizações de pensar, de decidir, de arriscar.
Assim se criam os círculos viciosos da dependência, da acefalia, do amorfismo social e educativo, da desresponsabilização geral.
O gérmen da desgraça educativa (diria nacional) reside nestes dois problemas: ― na falta de confiança no valor dos saberes (científicos, tecnológicos, artísticos, profissionais); esta desvalorização tem impacto claro na procura deficitária da educação e formação (estudar para quê?); tem impacto nos modos de recrutamento dos empresários (muitos deles ainda preferindo a mão-de-obra barata e pouco qualificada); explica em grande parte o abandono e insucesso escolares;
― e na falta de confiança nas pessoas, organizações e instituições (a priori quase sempre consideradas como incapazes).
Estes problemas e estas desgraças revelam uma grave crise de inteligência institucional e só podem ser eficazmente combatidos mudando radicalmente os modos de fazer a política educativa e formativa.
Com a devida vénia ao José Matias Alves
► Blogue Terrear
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