quarta-feira, 12 de novembro de 2008

OPINIÃO > José Matias Alves: «Jogar claro»

Num momento em que a serenidade deveria habitar os discursos e as práticas de todos os responsáveis educativos; e em que era imperativo um acrescido esforço de verdade e de clareza; e em que se deveria saber que todas as tentativas de enviesamento e manipulação são contraproducentes, parece-me sensato e urgente afirmar o seguinte:

a) os professores sempre foram avaliados. Desde o Estado Novo e até 1989 os professores sempre foram avaliados de forma administrativa. Pela lógica de presunção da competência e segundo o estilo burocrático, o trabalho dos professores presumia-se Bom, a não ser que tivesse faltas injustificadas ou tivesse tido procedimento disciplinar.

b) com o estatuto do Ministro Roberto Carneiro, em 1989, foi introduzido um novo modelo de avaliação mais ligado às práticas efectivas, tendo-se até criado uma prova externa de acesso ao 8.º escalão.

c) com o governo de António Guterres (de que o actual primeiro fazia parte) foi abolida essa prova de acesso, provavelmente porque se concluiu que o efeito de filtro praticamente não tinha impacto, e instaurado um procedimento de matriz burocrático-administrativo que realmente praticamente nada avaliava.

d) os autores dos modelos de avaliação anteriores foi o poder político e não os professores.

e) não é verdadeira a afirmação de que nos últimos 30 anos os professores nunca foram avaliados. As meias verdades não são úteis neste contexto.

f) não é útil neste contexto continuar a atirar para os professores o ónus de que eles é que não querem, eles é que, e é que. Pode render dividendos. Mas é péssimo para a educação portuguesa.

g) pode haver professores que não querem ser efectivamente avaliados. Mas não se pode generalizar. E se tantos milhares reclamam e protestam não podem ser todos mentecaptos. Persistir na ofensiva e na ficção é um grave erro. E a lei não pode estar contra toda uma classe profissional e a gerar óbvios malefícios nos alunos e nos ambientes escolares. Porque será certamente iníqua. E portanto tem de ser mudada. Tão simples como isto.

Fonte: Terrear

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