Este é um espaço onde poderei dar conta das minhas reflexões, alegrias, inquietações e também das minhas indignações. Deixo claro que não hipotequei a minha liberdade a nenhum partido político. Tal como escreveu o ilustre escritor Miguel Torga, meu comprovinciano, «Não posso ter outro partido senão o da liberdade»...
Eu, professora, confesso que, hoje, na escola, não vivo: sobrevivo. O único sítio onde sinto vida é a sala de aula. As reuniões e os papéis são o inferno a pagar por essas horas de vida.
"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."
Ensaio sobre a cegueira (citado de Livro dos Conselhos), José Saramago, Nobel da Literatura
"A escola é fonte sagrada De sacrossanta bebida, Bebei todos desta fonte Na primavera da vida."
Nas Horas Vagas, Joaquim Moreira da Silva, poeta popular
Que estranha cegueira domina os nossos governantes? A cegueira branca da obra de Saramago, agora nos cinemas portugueses? Que estranha cegueira não lhes permite reparar que, se 120 mil professores, 80% da classe docente, se encontram na rua a protestar contra a política educativa, não faz qualquer sentido dizer (como Maria de Lurdes Rodrigues) que esses intimidam a maioria que faz a escola funcionar e cumprir as leis? Admitindo que os outros 20% estão de acordo com a política ministerial (o que não é verdade para todos os casos), esses são claramente uma minoria. Clima de intimidação é o que surge com as ameaças de não progressão na carreira aos professores que se recusem a dar cumprimento aos vários passos da avaliação docente. Sim, as escolas vão funcionando. Quem as faz funcionar? Os professores: os 80% mais os 20%. Mas... funcionam bem? Serão as queixas de sobrecarga de reuniões e de papelada e burocracia em excesso culpa das escolas, como sugeriu a Ministra da Educação no dia 8 de Novembro, enquanto desfilavam 80% dos docentes em protesto contra a sua política burocratizante? A burocracia nas escolas é de tal ordem que começou a ser notícia nos jornais e preocupação de figuras públicas e cronistas da nossa imprensa. (…)
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