Desde há anos que muitas vozes vinham afirmando a necessidade de se proceder à avaliação das escolas e dos professores. Desde altos dirigentes políticos de vários quadrantes, a responsáveis na imprensa. Em
Num Editorial do Público dedicado à avaliação dos professores José Manuel Fernandes afirmava (11/04/02) que “O acto de avaliar alguém de forma justa e objectiva é difícil. Mas sem avaliação, sem uma cultura de avaliação permanente que confronte todos - mas mesmo todos - com os seus deveres e responsabilidades, nenhuma organização pode progredir; nenhum país pode evoluir. Isso é especialmente verdade no sistema de ensino, mas não pode envolver apenas os alunos. É também necessário avaliar os professores e as escolas.”....
Nesse mesmo editorial, em que criticava o sistema então existente, JMF defendia que a avaliação fosse feita localmente pelos pares, pelos pais e também pelos poderes locais. Defendia, também, que a contratação e avaliação de professores transitassem para os poderes locais.
Havia então um profundo desencontro entre o discurso de defesa da avaliação dos professores e a cultura das escolas. Nestas, as práticas de avaliação eram essencialmente dirigidas ao universo dos alunos.
Entretanto avançou a avaliação das escolas, mas a dos professores manteve-se como um tabu. E por isso a recusa do que se considera ser um modelo, parece ser uma recusa de qualquer dos seus elementos.
O fosso entre o discurso externo e a cultura das escolas em matéria de avaliação dos professores foi-se mantendo, e talvez daí o choque a que assistimos agora.
Ana Maria Bettencourt
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