‘GERAÇÃO MAGALHÃES’
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a semana passada pudemos ver, no tempo de antena do Partido Socialista, um grupo de meninos numa escola pública a mostrar o seu computador e a gritar: “Geração Magalhães”. É discutível que uma escola sirva para filmar tempos de antena. Mas isso seria um pormenor. Acontece que aquelas crianças entraram no filme depois de um pedido do Ministério da Educação à escola e da escola aos pais, sem que estes soubessem do destino das imagens. Através do Ministério da Educação, o PS usou crianças do ensino público como se fossem propriedade sua.
Supomos que o Estado distribui computadores a crianças porque lhes quer dar ferramentas para ganharem autonomia. No entanto, não hesita em violentar a sua autonomia usando-as como meros adereços. Pequenos súbditos de um Estado que serve os interesses particulares de quem detém transitoriamente o poder.
Mais a norte, em Fafe, alguns alunos também tiveram direito a um cheirinho de um país antigo. Ironicamente, o mesmo Governo que usa crianças à revelia dos pais em campanhas de um partido queria saber se os estudantes foram usados pelos docentes quando, em Novembro, protestaram contra a ministra da Educação. Um inspector do ministério foi à escola tratar dos interrogatórios. A ideia era que os alunos denunciassem os seus próprios professores.
Figurantes e bufos, é aquilo em que o Governo quer transformar a “geração Magalhães”. O hardware é moderno. O software tem décadas.
Daniel Oliveira
Expresso N.º 1905 | 1 de Maio de 2009
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