segunda-feira, 14 de setembro de 2009

TPC: boa prática ou sobrecarga?

Os trabalhos devem continuar quando os portões da escola se fecham? A resposta está directamente relacionada com o estilo do professor e método de aprendizagem.

Para Margarida Louro Felgueiras, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, a resposta não se resume a um sim ou a um não. “Em educação há que ir além da ‘doxa’ e tentar analisar as questões com a profundidade possível. Há crianças que aprendem sozinhas e recusam mesmo as ajudas. Há outras que têm inúmeras dificuldades e acabam por aprender quando pretendem atingir um objectivo preciso e muito importante. Por exemplo, aprender Inglês porque se gosta de um determinado tipo de música, banda desenhada, etc.”

A ciência garante que nem todos os alunos aprendem da mesma maneira, que o conhecimento é assimilado em circunstâncias específicas e que há diferentes estilos de aprendizagem. “Não há nenhum método universal, que sirva para todos e qualquer um aprender”. “Se um professor trabalha num estilo cooperativo, em que os alunos desenvolvem eles próprios diversas tarefas nas aulas, pode considerar que os alunos não precisam de fazer TPC porque lhes foi suficiente o trabalho na aula. Mas pode acontecer que isso seja verdade só para alguns. Ou que, mesmo assim, no seu conjunto, os alunos precisem de consolidar o que foi aprendido, para não esquecerem rapidamente”.

É preciso continuar a alimentar o conhecimento. “Para além da aprendizagem momentânea é necessário adquirir destreza, rapidez em algumas aprendizagens. Não parece possível que isso se consiga apenas no tempo da aula. Os níveis mais elevados, para a maioria das pessoas, exigem treino, a criação de um certo automatismo na resposta, o que implica alguma dose de repetição, de aplicação, de jogar com exemplos, que avancem do caso prototípico inicial para a análise de casos menos típicos, mais complexos”. “Muitas vezes, o tempo só das aulas não será suficiente. Até no brincar a repetição é necessária!”, refere Margarida Louro Felgueiras.

Os hábitos de trabalho, a organização do tempo, a responsabilização pessoal são, em seu entender, destrezas sociais e pessoais que ajudam no bom desempenho escolar. Para a investigadora da Universidade do Porto, a questão dos TPC deve ser colocada tendo em conta as necessidades do aluno e a adequação ao trabalho desenvolvido na aula. “Mesmo para o estudo acompanhado, o TPC orienta o aluno ou quem o acompanha a situar-se no que é mais importante. Mas o TPC, nas suas diversas modalidades, é para ser feito pelo aluno e não pelos adultos”. “Contudo, não se pode nem se deve colocar toda a responsabilidade da aprendizagem na realização de TPC. Eles são ou podem ser auxiliares para o estudo e não a resolução de problemas de sala de aula, para o trabalho que aí não é feito”.

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