03.09.2009 - 12h43 Maria Lopes, Leonete Botelho, Luciano Alvarez
Manuela Moura Guedes confirmou hoje ao PÚBLICO a demissão da direcção de informação da TVI depois da suspensão do Jornal Nacional que apresentava e coordenava e que amanhã regressava depois de um período de férias. Moura Guedes revelou que tem pronta uma peça com notícias novas sobre o caso Freeport, feita por uma jornalista da sua equipa. “Temos pronta uma peça sobre o Freeport, com dados novos e, como sempre, documentados”, disse a jornalista, recusando-se a fazer mais comentários.
A direcção de informação da TVI anunciou, por volta das 13 horas, a sua demissão em bloco devido à suspensão do Jornal Nacional de Sexta-feira, apresentado por Manuela Moura Guedes. A direcção mantém-se em funções até ser substituída pela direcção da empresa.
Ao que o PÚBLICO apurou, a decisão da administração de suspender o Jornal Nacional veio de Espanha, sede da Prisa, proprietária da TVI, e foi comunicada à direcção de informação e fundamentada por razões económicas, em consequência de uma reestruturação em curso.
Por discordar da decisão, a direcção de informação, composta por João Maia Abreu, Mário Moura e Manuela Moura Guedes, decidiu apresentar a sua demissão, o mesmo acontecendo com a chefia de redacção, composta por António Prata e Maria João Figueiredo. Há cerca de uma hora, a direcção de informação comunicou a sua decisão na reunião de editores.
Manuela Moura Guedes está a ser rodeada de manifestações de solidariedade na redacção, onde a decisão de suspensão do Jornal Nacional era de alguma forma esperada mas não nesta altura.
Anúncio na véspera
A equipa do Jornal Nacional estava a trabalhar há duas semanas para regressar amanhã à noite aos ecrãs. E não tinha havido qualquer sinal de que a emissão poderia ser suspensa mesmo antes da primeira edição depois de férias.
No entanto, ainda hoje o Correio da Manhã noticiava que o spot de promoção do regresso do telejornal de Moura Guedes estava pronto desde sexta-feira passada mas ainda não tinha ido para o ar, algo que o gabinete de comunicação da TVI considerava “normal”.
Bernardo Bairrão, o administrador-delegado da Media Capital que assumiu as funções de José Eduardo Moniz quando este deixou a empresa há um mês, questionado pela Correio TV a 20 de Agosto sobre se o polémico telejornal iria regressar em Setembro respondeu: “É provável que assim aconteça!”.
No dia da sua saída, Moniz foi entrevistado no Jornal Nacional da TVI e deixou um recado explícito, classificando de “escândalo” uma eventual retirada de Manuela Moura Guedes do ar. “Não faz sentido eliminar um bloco informativo que hoje é referência em Portugal”, acrescentou.
A administração da TVI confirmou entretanto que recebeu os pedidos de demissão do director e dos sub-directores de informação. Em comunicado acrescenta que solicitou a João Maia Abreu que se mantenha em funções até ser nomeada uma nova direcção e que este aceitou.
Fonte: PÚBLICO
Comentário:
Nas ditaduras, como na Venezuela de Hugo Chávez, o ataque é mais directo: encerram-se os meios de comunicação social críticos do Governo. No nosso país, onde nos garantem que vivemos em democracia, tenta-se o mesmo resultado, mas com métodos mais sofisticados: aquele(a) que for considerado(a) persona non grata pelo Poder, é impedido(a) de continuar a desenvolver a sua actividade.
Os métodos são diferentes, mas os objectivos são os mesmos: silenciar as vozes críticas e amedrontar os outros!...
Ai! Portugal, Portugal, onde irás tu parar?
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