A Associação de Professores de Matemática (APM) considera que há hoje melhores condições físicas e humanas para o ensino da disciplina, mas não consegue aferir se tal resultou em melhorias na aprendizagem.
O presidente da APM, Arsélio Martins, frisa que, embora as condições tenham melhorado nas escolas, não há nenhuma relação de causa/efeito no sentido de se concluir que há uma melhoria na aprendizagem da disciplina. “Não há estudos, nem se sabe bem se há ou não melhorias a Matemática”, acentuou, reafirmando que “houve progressos do ponto de vista das condições nas escolas e do trabalho colectivo de professores”.
Arsélio Martins falava à margem do congresso de professores da disciplina, o ProfMat, que decorre em Viana do Castelo e onde a ministra da Educação apresentou ontem os resultados do Plano para a Matemática, dizendo que tem havido progressos na aprendizagem.
O dirigente associativo considera “natural” que o Governo diga que houve progressos e realça que “os professores fazem o seu trabalho, e vão continuar a fazê-lo, estejam ou não crispados com a actuação do Ministério da Educação”. Para José Paulo Viana, professor na Escola Secundária Virgílio Ferreira, em Lisboa, o ensino da Matemática está melhor desde os anos 80 devido ao trabalho conjunto dos professores, da APM e do ministério.
“Nos anos 90, o ministério começou a preocupar-se com a disciplina no ensino secundário e notou-se alguma melhoria”, refere, salientando que, posteriormente, “o ministério alargou as preocupações ao primeiro ciclo e agora há, finalmente, um trabalho colectivo que envolve os vários ciclos”. Mas deixa um “recado” ao Governo: “Só tratando bem os professores será possível ter êxito no ensino.” “Quaisquer medidas tomadas não terão alcance se o ministério actuar, como tem feito, sem respeito pelos professores e mesmo contra eles”, frisa.
“Se não se cria o gosto pela Matemática no primeiro ano, arrisca-se a que pelo menos alguns fiquem para trás, e, mais tarde, torna-se difícil recuperá-los, embora isso seja possível”, acentua. O professor diz ter actualmente melhores alunos do que há dez anos, embora “haja sempre alunos difíceis”. Assinala que, “por outro lado, o tipo de ensino da Matemática se tornou mais interessante para os alunos e para a sociedade, já que dantes a disciplina era muito teórica, enquanto hoje está mais virada para as outras ciências e para a realidade”.
José Paulo Viana considera que as diferenças, referidas no congresso, entre a capacidade de aprendizagem da Matemática em Portugal e em países asiáticos resultam de uma questão cultural, pelo facto de a escola ser mais valorizada nesses países. “Na Ásia, os resultados são melhores, não só na Matemática, mas também nas outras ciências”, diz.
Fonte: PÚBLICO
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