sábado, 13 de fevereiro de 2010

À procura de inéditos de J.D. Salinger

Salinger em 1950 [DR]


Escritor relatava escrever todos os dias a partir das seis da manhã
Cartas de J.D. Salinger fazem crescer a esperança de que existam inéditos

12.02.2010 - 19:11 Por PÚBLICO

Onze cartas que o escritor J.D. Salinger trocou com um amigo, entre 1951 e 1993, foram agora tornadas públicas, após a sua morte, aos 91 anos. Cheias de um humor mordaz e prosa acutilante e de tom familiar, proporcionam uma visão, até agora inédita, de momentos precisos e íntimos da vida do escritor, diz o jornal “The New York Times”. E é bem provável que sejam apenas o início de um verdadeiro tesouro de escritos e correspondência trocada pelo autor que escolheu isolar-se do mundo e deixar de publicar, a partir de 1965.

Estas cartas, escritas a partir da sua casa em Cornish, no estado de New Hampshire, tinham como destinatário E. Michael Mitchell, um artista comercial de Westport, no Connecticut, que desenhou a capa de um livro de Salinger. Sem querer, revelam-nos os hábitos de escrita do escritor que deixou de querer ser publicado. Mesmo na década de 1980, cerca de 20 anos depois de deixar de publicar, começava a escrever às seis da manhã — nunca depois das sete —, e nunca se permitia interrupções: “A não ser que fosse absolutamente necessário ou conveniente”, contava ao seu amigo.

Onde está o produto desses dias de disciplina escrita? Estes relatos, nas suas próprias palavras, fazem crescer a esperança de que existam obras inéditas de Salinger à espera de serem reveladas.

Estas cartas estão no Museu e Biblioteca Morgan em Manhattan (Nova Iorque), ao qual foram doadas em 1998 pelos herdeiros de Carter Burden, que juntou uma grande colecção de literatura americana do século XX, explica o “New York Times”. Mas foram mantidas dentro da caixa de madrepérola em que vinham, sem serem abertas, enquanto Salinger estava vivo.

Não era nenhuma condição obrigatória, mas os responsáveis do museu preferiram assim, por respeito para com o autor de Uma Agulha no Palheiro. Afinal, Salinger, apesar de se ter votado ao isolamento, não resistia a escrever cartas a pessoas que o interessava — porque lhe agradavam, ou porque o irritavam — mas queria absoluto controlo sobre elas. Foi até ao Supremo Tribunal para exigir ficar com cartas que um seu biógrafo tinha conseguido obter — e teve sucesso.

Com a morte do escritor, a 27 de Janeiro, o selo foi quebrado e as cartas estão a ser preparadas para serem expostas.

Fonte: PÚBLICO

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