segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O que há de novo?

Insucesso

Alunos que falham aos 15 anos raramente recuperam

Quem tem dificuldades escolares aos 15 anos dificilmente recupera a tempo de conseguir disputar os melhores cursos e os empregos mais bem pagos. A conclusão parecerá óbvia. Mas a verdade é que ainda não tinha sido demonstrada tão claramente como aconteceu agora, através de um estudo longitudinal realizado no Canadá com dezenas de milhares de estudantes.

O Youth In Transition Survey (YITS) ou Inquérito à Juventude em Transição consistiu no acompanhamento, ao longo de uma década, de 30 mil jovens que tinham participado no Programme for International Student Assessment (PISA), em 2000.

O PISA consiste num conjunto de testes internacionais destinados a jovens de 15 anos dos países da OCDE, onde são avaliadas competências ao nível do domínio da leitura na língua materna, matemática e ciências.

Portugal também participa nessas provas desde a primeira edição, figurando sistematicamente abaixo da média (…).

As provas ordenam os alunos por cinco níveis de desempenho. E foram estas diferentes competências que, através de inquéritos bienais, os investigadores canadianos viram reflectidas no percurso dos jovens até aos 25 anos.

O relatório, intitulado “Caminhos para o Sucesso Como os conhecimentos e competências aos 15 anos influenciam vidas futuras no Canadá”, demonstrou, desde logo, uma relação directa entre os resultados do PISA e o ingresso no ensino superior.

Os alunos com desempenho de nível máximo (5) tinham 20 vezes mais probabilidades de chegar às universidades do que os na cauda da tabela (nível 1). O ingresso nas collegges termo que no Canadá se refere a um ensino superior mais profissionalizante, comparável aos nossos politécnicos foi a solução mais frequente para alunos que tinham atingido um nível intermédio (3).

Já para estudantes de nível baixo, o cenário mais frequente era o abandono precoce ou o fim dos estudos ao fim de 12 anos.

No ingresso no mercado de trabalho as diferenças também eram notórias, apesar de aqui o factor género acabar por desequilibrar mais (a favor dos homens) do que o desempenho.

Aos 21 anos, as mulheres de nível alto que já tinham algum trabalho recebiam, em média, mais 13% à hora do que as mais fracas. Entre os homens, a diferença dos melhores para os restantes era de 5%.

Já ao nível do desemprego, 14% dos homens com pior desempenho no PISA revelavam estar sem trabalho, contra 8% dos melhores. No sexo feminino, o impacto era menor: respectivamente 12% e 8%.

De referir que ao contrário do que sucede com Portugal, sistematicamente classificado abaixo da média da OCDE os alunos canadianos têm tradicionalmente um desempenho global elevado nos testes PISA.

De resto, dos alunos avaliados pelo estudo em 2000, apenas 25% estavam fora do ensino aos 21 anos sem alguma qualificação superior.

Fonte: Diário de Notícias

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