domingo, 15 de novembro de 2009

Guerra aberta entre governo e poder judicial

Está instalada a guerra entre o governo e a justiça. O primeiro-ministro, José Sócrates, comentou ontem o caso das escutas às conversas que manteve com Armando Vara, arguido no processo Face Oculta. E o tom das suas declarações sintetiza-se na frase: “Isto está a passar todas as marcas.” As declarações incendiaram os ânimos e motivaram a ira de magistrados, juristas, Polícia Judiciária e oposição, que acusam Sócrates de pôr em causa a investigação e lançar o descrédito. Para ajudar ao estado de sítio instalado, o ministro da Economia e membro do secretariado Nacional do PS, Vieira da Silva, veio dizer que o primeiro-ministro está a ser alvo de “espionagem política”.

José Sócrates começou por apoiar a investigação do Face Oculta, mas rapidamente passou para a posição de ataque, acusando a mesma investigação de o ter escutado ilegalmente. “O ponto, e importa não confundir as coisas, é saber se durante meses a fio eu fui escutado porque isto está a passar todas as marcas, se essas escutas foram legais e se é possível fazê-las num Estado de Direito.” E espera agora que o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, se apresse a esclarecê-lo. Mais uma vez, reforçou que, para ele, é a questão de todo este processo. “Desconheço as escutas, não estou a par de nada e sei apenas o que vem nos jornais. Espero que o senhor procurador, com o esclarecimento que prometeu, possa esclarecer-nos a todos. A questão mais importante para mim é saber se, durante meses a fio, fui escutado, com as conversas a serem transcritas e gravadas, e se isso é legal e possível num Estado de Direito.” Porque, acrescenta, “são conversas privadas”.

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