domingo, 31 de julho de 2011
sábado, 30 de julho de 2011
A propósito dos princípios gerais do novo modelo de ADD
Para quem estava ansioso por conhecer o entusiasticamente anunciado novo modelo de Avaliação do Desempenho dos Docentes terá ficado decepcionado(a). Afinal apenas foi apresentado um conjunto de princípios, alguns deles consensuais outros muito vagos, talvez com a intenção de aquilatar do modo como isto será recebido pelos docentes e pela sociedade em geral.
Acho muito positivo o facto de ser alargado o ciclo de avaliação (ver 2.º Princípio). Desde o aparecimento da avaliação estilo chilena, gizada pela antiga ministra Maria de Lurdes Rodrigues e seus seguidores, criticávamos a realização de ciclos de avaliação a cada dois anos, o que nos obrigava a estar praticamente sempre em avaliação; acabava um ciclo e outro era iniciado logo de seguida. Se for alargado o ciclo, previsivelmente a quatro anos, isso será positivo.
Também me parece positivo falar-se de desburocratização do processo (cf. 3.º Princípio). O tipo de avaliação ainda em vigor obriga-nos a preencher resmas de papéis que não servem para nada, a não ser para perdermos tempo e desviarmos a nossa atenção daquilo que deveria ser mais importante: o ensino-aprendizagem dos alunos e a procura de soluções para conduzir os alunos com mais dificuldades ao sucesso. Contudo, aguardo a versão definitiva do modelo para me poder pronunciar sobre isto.
No que diz respeito ao 4.º Princípio, parece-me positivo a hierarquização da avaliação, eliminando conflitos de interesses entre avaliados e avaliadores. Contudo, uma questão baila na minha mente: isso não estava já previsto na avaliação anterior? Mas a partir de determinado momento toda a gente servia para avaliador, mesmo sem qualquer formação para o efeito. E isso aconteceu porque foi decretada a “fúria avaliativa” e a partir dessa altura o que importava era levar a cabo essa intenção. Com alguns (maus) resultados que têm surgido um pouco por todo o lado. Se a questão das quotas continuar como está, não será removido o grande obstáculo com o qual nenhum Professor sério concordará…
Não me parece ser positivo o facto de ser prevista uma avaliação totalmente externa, já que apenas é apreciada a desenvoltura de um(a) docente nas aulas programadas. E as outras? Mesmo que o(a) referido(a) docente desenvolva as suas aulas de modo desadequado, isso não terá quaisquer consequências, porque não são observadas. Não me agrada o facto de haver avaliação só por professores de outra escola. Uma avaliação a que falte um acompanhamento de um elemento da escola do avaliado, será sempre uma avaliação coxa.
O 5.º Princípio parece-me vazio de conteúdo, à primeira vista. Se havia observação de aulas, obviamente essas componentes eram forçosamente observadas. Falar de valorização não me parece o termo mais adequado. Não seria mais adequado falar de avaliação das referidas competências? Na minha opinião, nenhuma avaliação será digna desse nome se não avaliar essas competências. Ninguém poderá ensinar bem aquilo que desconhece, não é verdade? Já agora deixo uma sugestão: Por que não colocar a avaliar quem tiver as menções de “Excelente” ou de “Muito bom”? Seria uma “progressão” para algumas pessoas. Julgo não estar enganado ao afirmar que algumas pessoas até viveriam mais felizes nessa situação…
Os 6.º e 7.º Princípios não motivam qualquer comentário da minha parte nesta altura.
Aguardemos então a apresentação do documento do Ministério da Educação e Ciência que corporize estes princípios para depois fazermos a análise devida do mesmo.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Princípios gerais do novo modelo de ADD
MEC apresentou aos sindicatos os princípios que enformam o novo sistema de ADD
EDUCAÇÃO
Professores vão poder optar pela melhor classificação
por Lusa
O novo modelo de avaliação dos professores permitirá aos docentes optar pela melhor classificação obtida num dos ciclos já realizados, para não serem prejudicados pelo modelo actual, informou hoje o Ministério da Educação.
O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, reuniu-se hoje com os sindicatos do sector e apresentou-lhes sete princípios gerais de proposta de novo modelo de avaliação dos docentes. Ao sair da reunião, o dirigente da Federação Nacional da Educação (FNE), uma das principais estruturas sindicais dos professores, disse aos jornalistas que o ministro se comprometeu a apresentar propostas concretas até 12 de Agosto.
Numa nota entregue aos jornalistas, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) diz querer “iniciar tranquilamente o novo ano lectivo com um novo modelo de avaliação aprovado em que os professores, directores de escola e Ministério, se revejam”.
Entre os princípios hoje divulgados, o MEC garante que “ninguém será prejudicado” pelo modelo actual, já que, no final do primeiro ciclo de avaliação com o novo modelo, os docentes poderão optar pela classificação que mais lhes convier, entre as notas obtidas nos ciclos já realizados.
Por outro lado, o Ministério de Nuno Crato responde a algumas das críticas apontadas pelos sindicatos ao modelo anterior e garante que o modelo será desburocratizado, os avaliadores terão de pertencer a um escalão superior ao dos avaliados e as aulas observadas serão efetuadas por docentes do mesmo grupo disciplinar, mas exteriores à escola do professor avaliado.
Promete também mexer nos ciclos de avaliação, que serão mais longos, coincidindo com a duração dos escalões da carreira docente, e manifesta a intenção de valorizar as componentes científica e pedagógica, “tendo em vista a melhoria dos resultados escolares”.
O estabelecimento de um quadro objectivo de isenções de avaliação para situações concretas e um sistema expedito para os recursos são outros princípios hoje apresentados.
Luís Costa: «O Bafo de Hades»
Um post do Luís Costa, com a qualidade a que ele já nos habituou. Este tem ali muita matéria para reflexão…
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Presidente da FNE: «Modelo de avaliação já devia ter sido suspenso»
“Modelo de avaliação já devia ter sido suspenso”
João Dias da Silva, presidente da Federação Nacional de Educação, fala sobre avaliação do desempenho dos docentes.
Correio da Manhã — Como reage ao chumbo do PSD e CDS às propostas do BE e do PCP para suspender o actual modelo de avaliação?
João Dias da Silva — Seria de esperar este resultado. O ministro Nuno Crato disse logo que não ia suspender o actual modelo, e que iria apresentar um novo modelo de avaliação de docentes para entrar em vigor até ao início do próximo ano.
— O ideal para os professores seria a imediata suspensão?
— Este modelo de avaliação já devia ter sido suspenso por própria iniciativa do Governo. Não vemos razões para o manter. Achamos desnecessário manter nas escolas alguns factores de instabilidade, como tarefas administrativas, associadas a este modelo.
— O que espera da reunião de amanhã com Nuno Crato?
— Se aumentar a duração dos ciclos de avaliação, eliminar a burocracia, existirem avaliadores com formação específica, conforme nos foi indicado na outra reunião, então poderemos aprovar as propostas para o novo modelo.
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Quinta-feira, 28 de Julho de 2011
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Elisabeth Badinter: «A mãe perfeita é um mito»
Uma das mais respeitadas estudiosas da maternidade, a filósofa francesa diz que a pressão das feministas tem levado as mulheres a deixar sua vida em segundo plano
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oucos intelectuais falam sobre os dilemas da maternidade com a coragem da filósofa francesa Elisabeth Badinter, 67 anos. Professora da École Polytechnique, autora de uma dezena de livros, ela sempre causou polêmicas que extrapolaram a academia. Em 1980, lançou um livro em que questionava a noção de instinto materno. A mais recente controvérsia gira em torno de seu novo trabalho, Le Conflit: la Femme et la Mère (O Conflito: a Mulher e a Mãe), best-seller na França, recém-lançado no Brasil. Badinter ataca um grupo de feministas que ajuda a consolidar no pensamento moderno a ideia de que toda mulher deve ser mãe — e perfeita.
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Veja edição 2226 | ano 44 | n.º 29 |
20 de julho de 2011
Gramática causa engulhos a alunos do Ensino Secundário
Petição
GAVE diz que o principal problema do exame de português foi a gramática
27.07.2011 — 14:21 Por Clara Viana
O director do Gabinete de Avaliação Educacional, Hélder de Sousa, negou ao PÚBLICO que a descida do resultado médio das classificações no exame de Português do 12.º ano da primeira fase se ficou a dever a problemas de interpretação de um poema de Álvaro de Campos.
No fim-de-semana foi lançada, na Internet, uma petição pública reclamando uma revisão das classificações da prova de Português, que resultaram na pior média nesta disciplina desde que existem exames nacionais. A reclamação tem na base um comentário publicado por Teresa Rita Lopes, especialista na obra de Fernando Pessoa. No seu comentário, a docente considera que “a escolha do poema [Na Casa Defronte] foi infeliz”, uma vez que “o seu bom entendimento implicaria um conhecimento aprofundado da poesia de Campos que não pode ser exigido a alunos deste nível”. E também que as perguntas e os critérios de correcção não são os adequados.
Na petição refere-se que os estudantes “foram gravemente prejudicados por erros que não são da sua responsabilidade”, lembrando que tal pode ter um impacto negativo nas suas candidaturas ao ensino superior. O grupo contestado vale 70 pontos em 200.
O ministério delegou explicações no director do Gave. Hélder de Sousa afirma que os textos do grupo que é alvo da petição “foram escolhidos a partir da lista de autores estudados no 12.º ano”. E confirmou, por outro lado, que a “análise dos resultados de cada uma das respostas” mostra que a descida da média “se centra no fraco desempenho evidenciado pelos alunos na resposta às questões que avaliam o conhecimento das regras básicas do funcionamento da língua, como, por exemplo, a identificação do sujeito de uma oração”. Duas perguntas de gramática terão contribuído para metade dos 14 pontos de quebra na média dos alunos internos.
A presidente da Associação de Professores de Português lembrou que um dos principais problemas, no grupo da interpretação, se deveu ao facto de os alunos terem confundido sensações com sentimentos.
► PÚBLICO
Deputados discutem projectos de Resolução sobre ADD
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Normas a observar na constituição de Turmas – 2011/2012
A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) enviou às escolas um ofício-circular subordinado ao tema Constituição de Turmas – 2011/2012.
MEC anuncia apresentação de novo modelo de ADD
Apresentação aos sindicatos na sexta-feira
Nuno Crato acredita que novo modelo de avaliação de professores será bem recebido
25.07.2011 — 14:32 Por Lusa
O ministro da Educação, Nuno Crato, vai apresentar o novo modelo de avaliação aos sindicatos na próxima sexta-feira, disse à Lusa, manifestando-se convicto de que o mesmo “será bem recebido”.
Falando à margem da cerimónia de celebração dos 12 anos do Pavilhão do Conhecimento, Nuno Crato afirmou ter enviado já uma carta aos sindicatos representativos do sector, convocando-os para uma “sessão de apresentação do essencial do novo modelo de avaliação”, na sexta-feira.
Questionado sobre as principais linhas orientadoras desse novo modelo de avaliação, Nuno Crato não quis adiantar nada, mas afirmou: “Julgo que vai ser bem recebido”.
Durante a sua intervenção na celebração do aniversário do Pavilhão do Conhecimento, o ministro que tutela também a Ciência sublinhou que todos os centros e toda a divulgação científica que se faz em Portugal “é importante”.
“Os cientistas portugueses têm adoptado nos últimos tempos uma postura de fazer ciência e olhar para fora e para os jovens, o que é muito importante, pois percebemos que podemos ser bons cientistas e olhar para os jovens”, considerou.
Aliás, a ciência e os jovens são uma aposta de Nuno Crato, que o assegurou quando questionado sobre os jornalistas sobre as medidas do seu ministério para alcançar o “emagrecimento” necessário para ultrapassar a crise.
O objectivo é que “após o período de dificuldades, possamos novamente desenvolver o país com base na ciência e na tecnologia, apostando nos jovens”, afirmou, lembrando que o Pavilhão do Conhecimento é um dos centros Ciência Viva que “tem feito um trabalho magnífico na divulgação da ciência para todos, mas sobretudo para os mais novos”.
Na cerimónia estavam presentes diversos nomes ligados à área da ciência, entre os quais os anteriores ministro e secretário de Estado da tutela, Mariano Gago e Manuel Heitor, o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, João Sentieiro, o investigador Alexandre Quintanilha e o físico Carlos Fiolhais.
Efeitos da ADD nos contratados poderão ser anulados
Educação
Crato pondera anular efeitos da avaliação nos contratados
Ana Petronilho
25/07/11 00:05
Sindicatos dizem que Crato está “receptivo” a cancelar resultados da avaliação.
A avaliação dos docentes, aprovada pelo anterior Governo e ainda em vigor, está em vias de ser neutralizada nos concursos para professores contratados. Esta foi uma das principais reivindicações dos sindicatos de professores durante as primeiras reuniões com o novo ministro da Educação, Nuno Crato, segundo a Federação Nacional de Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE).
Em causa estão cerca de 35 mil professores contratados, que concorreram ao próximo ano lectivo, e que foram avaliados no actual sistema. Este modelo prevê que os professores com um resultado “muito bom” ou “bom”* consigam um lugar à frente na lista nacional, sendo assim mais fácil a colocação numa escola.
“O ministro reconheceu como sendo absurdas” as implicações que os resultados da avaliação docente têm no concurso de colocação dos professores contratados, assegura ao Diário Económico o membro da direcção nacional da Fenprof, António Avelãs. Também a FNE levantou esta questão junto do ministro e assume que quer “diminuir ao máximo as consequências desta avaliação”, ao que Nuno Crato terá sido “receptivo”, acrescenta o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva.
domingo, 24 de julho de 2011
sábado, 23 de julho de 2011
Medalha de Ouro para aluno português
Miguel Santos consegue feito inédito
Aluno português conquista medalha de ouro nas Olímpiadas Internacionais da Matemática
Miguel Santos, estudante do 10.º ano em Alcanena, conquistou uma medalha de ouro nas Olimpíadas Internacionais de Matemática, realizadas em Amesterdão, Holanda, um resultado inédito para a selecção portuguesa.
Actualmente com 16 anos, Miguel Santos já tinha arrebatado uma Menção Honrosa nas Olimpíadas Internacionais de Matemática em 2010, e no ano anterior a medalha de ouro na competição portuguesa.
“É fantástico. É o melhor resultado individual”, confessou à agência Lusa Joana Teles, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, que acompanhou a selecção portuguesa.
Na competição conquistaram medalhas de bronze os estudantes do 12.º ano Raul Penaguião, da Escola Secundária Santa Maria, de Sintra, e João Santos, da Escola Secundária da Maia, com 17 e 18 anos, respetivamente.
Luís Duarte, estudante do 10.º ano na Escola Secundária de Alcains, ainda com 15 anos, arrebatou uma menção honrosa.
Dos seis elementos que compunham a selecção portuguesa a estas olimpíadas, apenas dois não receberam qualquer distinção individual.
“Isto é a prova de que, se houver trabalho e empenho, conseguimos ter os melhores resultados. Temos alunos excelentes, e isso é óptimo”, sublinhou Joana Teles, igualmente docente do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, que há uma década, com o seu programa Delfos, prepara estes talentos matemáticos.
Na sua perspectiva, o caminho é trabalhar com mais alunos, e mais precocemente, e nesse sentido as olimpíadas portuguesas de matemática já se alargaram aos 6.º e 7.º anos de escolaridade.
“Consigo ver na matemática mais originalidade e mais criatividade do que em muitas outras coisas. E há sempre coisas em aberto que precisam de mais desenvolvimento”, confessou Miguel Santos à agência Lusa, pouco antes de partir para a Holanda, no estágio final realizado na Universidade de Coimbra.
Para esse sucesso, e a conquista agora da medalha de ouro, terá contribuído aquilo que na sua mente está cimentado, que “como em qualquer coisa na vida, para se ter sucesso na matemática é preciso gostar da matemática”.
Também João Santos, “medalha de bronze”, na mesma altura confessara à Lusa o gosto que tinha em resolver problemas de matemática, e o quão “é desafiante um problema novo”.
Este aluno há um ano também conquistou para Portugal uma menção honrosa na Olimpíadas Internacionais de Matemática, depois da medalha de bronze nas Olimpíadas Ibero-Americanas de 2009.
Raul Penaguião, agora também “medalha de bronze”, arrebatara duas menções honrosas em anteriores olimpíadas internacionais.
As melhores classificações da selecção portuguesa foram alcançadas em 2010 nas Ibero-Americanas, com todos os alunos medalhados (uma medalha de prata e três de bronze), e no ano anterior nas “internacionais”, com uma medalha de prata e três de bronze.
► PÚBLICO
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Que nome têm os que mudam de opinião de acordo com os seus interesses?
PSD e CDS mantêm a avaliação dos professores este ano
Partidos do governo vão inviabilizar projectos do PCP e BE que revogam avaliação dos professores
PSD e CDS-PP vão inviabilizar os projectos do PCP e BE que pretendem revogar a avaliação dos professores.
Os partidos do governo, que na anterior legislatura apresentaram projectos para anular este modelo de avaliação de desempenho docente, não querem agora suspender o processo, garantiram ao i fontes da maioria política. A justificação é que o ano lectivo está a terminar e que o novo sistema de avaliação estará pronto a tempo do início do novo ano lectivo, em Setembro.
O governo está a estudar a possibilidade de alargar para quatro anos os ciclos avaliativos. A medida está em sintonia com o programa do governo, que defende que a avaliação de desempenho deverá obedecer a intervalos mais longos. Actualmente, os professores são avaliados de dois em dois anos.
O facto de a progressão das carreiras dos docentes estar congelada até 2013, por imposição da troika, é outra das justificações apontadas para manter o actual modelo até ao fim deste ano, confirmou o i junto de fonte parlamentar do PSD.
O CDS-PP junta-se aos sociais-democratas nesta matéria. “O processo de avaliação este ano está terminado. Já está em fase de recurso. Quando o CDS votou a favor da suspensão ainda estava a meio”, afirma o deputado centrista, Michael Seufert.
A revogação da avaliação dos professores foi um caso de coligação negativa na anterior legislatura. Os partidos da oposição uniram-se para revogar o modelo imposto pelo governo de José Sócrates. A revogação, contudo, nunca entrou em vigor. O Presidente da República teve dúvidas sobre a decisão parlamentar e o Tribunal Constitucional acabou por considerar “inconstitucional” a revogação do modelo de avaliação: era uma intromissão nos poderes do governo.
O projecto de lei do PCP, que “revoga o actual regime de avaliação de desempenho dos docentes e anula a produção dos efeitos resultantes do ciclo 2009/2011”, e o projecto de resolução do Bloco de Esquerda, que “recomenda ao governo que proceda à suspensão do actual modelo”, serão discutidos em plenário na próxima quarta-feira.
Os sindicatos dos professores, que foram recebidos pelo ministro da Educação, Nuno Crato, saíram das reuniões com a promessa de receber na próxima semana o novo modelo de avaliação para discussão e análise.
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quinta-feira, 21 de julho de 2011
A propósito das notas de exame dos alunos do Ensino Secundário
Fosso no português e na matemática aumentou
Notas dos alunos nos exames são piores do que nas escolas
20.07.2011 — 20:30 Por Clara Viana
A disciplina de Português foi a segunda em que se registou uma maior diferença entre a classificação final obtida pelos alunos nas suas escolas e os resultados que obtiveram no exame do 12.º ano. A média dos alunos internos a Português foi de 13,5. No exame nacional, o resultado médio destes mesmos alunos foi de 9,6.
Os alunos internos são aqueles que frequentam as aulas o ano inteiro. Para irem a exame têm de ter, no mínimo, um 10 numa escala de 0 a 20. Tradicionalmente, as maiores diferenças a favor da classificação interna registavam-se nas disciplinas de Biologia e Geologia e Física e Química A, com exames no 11.º ano. Em 2010, por comparação à média obtida nos exames, esta diferença foi superior a quatro pontos. Este ano foi de 2,6 em ambas as disciplinas, o que se deve em grande parte a um melhor desempenho nos exames recompensado com uma média positiva, o que já não sucedia há vários anos.
Saltar partes do programa
Para os professores ouvidos pelo PÚBLICO, a diferença de médias justifica-se sobretudo pelo facto de as notas da escola reflectirem outras componentes para além dos resultados dos testes. Também são tidos em conta, entre outros factores, o trabalho desenvolvido pelos alunos ao longo do ano e as suas atitudes.
Mas os novos itens introduzidos este ano no exame de Português, no grupo do funcionamento da língua, poderão ser a principal causa da diferença de quatro pontos (no ano passado foi de três) entre a média que resulta da nota dada pelos professores e aquela que foi obtida no exame. Segundo a presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira, a extensão do programa em vigor leva a que muitos professores se vejam obrigados a saltar algumas partes.
Por norma privilegia-se o estudo dos autores (Fernando Pessoa e os seus heterónimos, José Saramago e Luís Sttau Monteiro) em detrimento do treino do funcionamento da língua, onde se integra a gramática.
No exame deste ano pediu-se aos alunos que identificassem classes de palavras, funções sintácticas e que classificassem orações. E o resultado terá sido um desastre. Estes conteúdos são leccionados nos 10.º e 11.º anos. O exame do 12.º só incide sobre a matéria do programa deste último ano. Mas deste faz parte a consolidação dos itens de funcionamento da língua explorados nos dois anos anteriores.
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► PÚBLICO
quarta-feira, 20 de julho de 2011
OPINIÃO > Vasco Graça Moura: «As grandes responsabilidades»
Já toda a gente sabia que a preparação dos alunos do básico e do secundário nas disciplinas de Português e Matemática é absolutamente calamitosa. Ao longo dos anos, as advertências e os alertas a esse respeito têm vindo de todos os lados. Com mais ou menos impressionismo ou maior ou menor rigor estatístico, todas as observações, análises e estudos, nacionais ou internacionais, convergem na mesma conclusão.
A estupidez dos programas adoptados, a permissividade, a indiferença das famílias, a incompetência dos políticos, são alguns dos vários factores que se vieram acumulando por mal dos pecados deste país, falido em tudo, a começar pelo sistema de ensino. A falta de preparação de muitos docentes também se explica pelo facto de serem produtos desse mesmo sistema.
Desde há décadas que as idiotias pedagógicas se articularam a uma concepção do aluno como “bom selvagem” e ancoraram na consagração da lei do menor esforço como regra de conduta escolar e condição de aproveitamento. Muita gente (entre outros, Maria Filomena Mónica, Maria de Fátima Bonifácio, Helena Matos ou Nuno Crato) se tem pronunciado sobre estes aspectos.
A língua portuguesa foi assassinada na escola. Parece que, no coração do Ministério da Educação, certas estruturas superiores ou intermédias têm tido mais poder do que o próprio titular da pasta e conseguem impor as suas concepções, a sua vontade programática ou a sua tremenda propensão para a inércia e para a inépcia.
No que toca ao português, os alunos desabituaram-se de tirar significados, não sabem consultar capazmente um dicionário, não se habituaram a ler autores significativos e muito menos a gostar deles. Não conseguem interpretar em condições um qualquer texto literário e exprimem-se cada vez com mais problemas e deficiências no tocante à extensão e propriedade do léxico, à articulação sintáctica, ao respeito de regras gramaticais elementares, à correcção da ortografia e até da pronúncia de muitos vocábulos. Tanto quanto sei, na área das matemáticas e da simples aritmética, passam-se coisas que, mutatis mutandis, acabam por ser de sinal muito semelhante.
Sobre essas falhas básicas, o actual ministro tem tido o desassombro de dizer verdades como punhos. É portanto de esperar que ponha em prática uma série de medidas para contrariar o presente estado de coisas.
Esse estado de coisas só poderá agravar-se com a aplicação nas escolas de uma barbaridade chamada Acordo Ortográfico. Se o ministro da Educação tem dúvidas a este respeito, basta-lhe convocar alguns especialistas, ou pedir para ver o parecer da Comissão Nacional da Língua Portuguesa, ou o dos seus próprios serviços (ao tempo da assinatura do AO, a Direcção-Geral do Ensino Básico e Secundário). Pode mandar analisar por gente competente não apenas as burricadas que o documento consagra, mas as consequências que ele vai ter ao nível da escola: facultatividades que redundarão na desortografia, confusões e equívocos, incertezas e flutuações permanentes na aprendizagem e na maneira de escrever, pronúncias desfiguradas, lesões na própria utilização escorreita da língua, custos astronómicos directos e indirectos na criação e aplicação do sistema.
O Programa de Governo é, a este respeito, de uma insensibilidade chocante, para não dizer de uma obtusidade clamorosa. Pode-se apostar dobrado contra singelo que nenhum dos seus autores leu jamais o texto do Acordo Ortográfico. Nenhum dos seus autores sabe do que fala ou escreve quando inclui nesse programa o propósito de “implementar” a aplicação da coisa. Nenhum dos seus autores ponderou, nem de perto nem de longe, as consequências dessa aplicação.
De boas intenções estão sempre os programas cheios. Mas este é um dos pontos em que o voluntarismo de natureza política deve ceder perante as objecções científicas e técnicas que foram suscitadas e a que nunca foi dada resposta convincente. É tempo de reexaminar essas objecções sem preconceitos nem chavões estéreis.
Suspender o Acordo Ortográfico (que, de resto, não pode considerar-se em vigor) e promover a sua revisão não é apenas uma questão de bom senso. É um imperativo nacional no tocante à defesa da língua e da cultura do nosso país. E essa hoje é uma das grandes responsabilidades de Nuno Crato.
terça-feira, 19 de julho de 2011
Dirigente da FNE sai satisfeito da reunião com MEC
O Secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), João Dias da Silva, disse nesta terça-feira estar “convicto de que a partir do dia 1 de Setembro os professores terão um novo modelo de avaliação de desempenho
Haverá um novo modelo de avaliação dos docentes em Setembro?
Após reunião com ministro Nuno Crato
FNE acredita em novo modelo de avaliação em Setembro
19.07.2011 — 19:59 Por Graça Barbosa Ribeiro
O secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), João Dias da Silva, disse-se nesta terça-feira “convicto de que a partir do dia 1 de Setembro os professores terão um novo modelo de avaliação de desempenho”.
“O ministro da Educação não disse nada nesse sentido, mas o facto de já estar a trabalhar numa nova proposta, que começará a ser discutida na próxima semana ou na seguinte, permite-nos depreender que é isso que vai acontecer”, esclareceu, depois de uma reunião de duas horas com a nova equipa ministerial.
Em declarações ao PÚBLICO, João Dias da Silva frisou que na reunião não lhe foi dada qualquer indicação de que o modelo em vigor será suspenso, pelo que “o mais provável é que o actual ciclo de avaliação termine, como previsto, no fim de Dezembro”. “De qualquer forma, entre 1 de Setembro e 31 de Dezembro decorre a parte administrativa da avaliação — como a leitura e classificação dos relatórios por parte dos avaliadores. A 1 de Setembro, os professores já estarão a trabalhar para o ciclo seguinte, ao que tudo indica com um novo modelo”, congratulou-se.
A pressa do ministro na resolução deste e de outros assuntos havia sido realçada já na véspera com agrado por Mário Nogueira, da Federação Nacional de Professores (Fenprof). Apesar “de quase se limitar a ouvir”, Nuno Crato mostrou nesta primeira ronda de reuniões com representantes sindicais não querer perder tempo, ao marcar novos encontros para a próxima semana.
O tema mais quente, por alegadamente estar na origem “de um clima de intranquilidade e conflitualidade nas escolas”, é precisamente a avaliação, concordam Mário Nogueira e Dias da Silva. O dirigente da FNE fez saber ao ministro que defende uma “avaliação formativa”, feita “em ciclos de mais de dois anos” e em que esteja “garantido o reconhecimento da competência do avaliador por parte do avaliado”. Mário Nogueira preferiu destacar a necessidade de suspender de imediato o modelo em vigor e de “anular todos os efeitos produzidos pela avaliação já realizada”.
À semelhança do que acontecera com o dirigente da Fenprof, Dias da Silva saiu da reunião satisfeito com a garantia de que medidas como o encerramento das 266 escolas e a criação de novos agrupamentos só serão concretizadas com o acordo das populações e dos respectivos municípios.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Por que razão 'fugiu' Nuno Crato da 5 de Outubro?
Educação: Sindicatos de professores começam a ser recebidos
Nuno Crato ‘foge’ da 5 de Outubro
Nuno Crato começa hoje a receber os sindicatos de professores longe da avenida 5 de Outubro, em Lisboa, o edifício-símbolo da máquina ministerial cuja extinção defendeu antes de chegar ao Governo.
“A última a sair da 5 de Outubro foi a ministra Maria do Carmo Seabra, que foi para a avenida 24 de Julho, e só lá esteve seis meses, porque o Governo de Santana Lopes caiu”, graceja Mário Nogueira (Fenprof). Já João Dias da Silva (FNE) diz, entre sorrisos, que o ministro da Educação e Ciência “não quer apanhar com os destroços do edifício que pretende eliminar”.
Já na sexta-feira, Crato dera a sua primeira conferência de imprensa no Palácio das Laranjeiras, ligado ao ensino superior e ciência. A tutela disse ao CM que o ministro vai “trabalhar em ambas as instalações, conforme a necessidade”.
Num ponto, ministro e sindicatos estão de acordo: é preciso reduzir a estrutura ministerial. Até porque os sindicatos querem saber onde Crato irá cortar, depois de ter parado a fusão de escolas e a reforma curricular. Nogueira pede “coragem para reduzir ao essencial a máquina do Ministério”. Dias da Silva propõe “acabar de imediato com as equipas de apoio às escolas e extinguir as direcções regionais nesta legislatura”.
A suspensão do modelo de avaliação de professores volta também a ser prioridade dos sindicatos. “Tem de ficar clara a suspensão do modelo a partir de Setembro, bem como a anulação dos efeitos no concurso. Não basta o ministro dizer, é preciso leis ou o envio de uma circular às escolas”, defende Nogueira, lembrando que “foi o PSD que disse que este modelo é kafkiano”.
Dias da Silva afina pelo mesmo diapasão e acredita que o ministro “vai abrir um espaço de negociação relativamente ao novo modelo de avaliação de desempenho, que se deseja menos burocrático”. Nuno Crato já disse que vai apresentar um novo modelo.
(…)