Para quem estava ansioso por conhecer o entusiasticamente anunciado novo modelo de Avaliação do Desempenho dos Docentes terá ficado decepcionado(a). Afinal apenas foi apresentado um conjunto de princípios, alguns deles consensuais outros muito vagos, talvez com a intenção de aquilatar do modo como isto será recebido pelos docentes e pela sociedade em geral.
Acho muito positivo o facto de ser alargado o ciclo de avaliação (ver 2.º Princípio). Desde o aparecimento da avaliação estilo chilena, gizada pela antiga ministra Maria de Lurdes Rodrigues e seus seguidores, criticávamos a realização de ciclos de avaliação a cada dois anos, o que nos obrigava a estar praticamente sempre em avaliação; acabava um ciclo e outro era iniciado logo de seguida. Se for alargado o ciclo, previsivelmente a quatro anos, isso será positivo.
Também me parece positivo falar-se de desburocratização do processo (cf. 3.º Princípio). O tipo de avaliação ainda em vigor obriga-nos a preencher resmas de papéis que não servem para nada, a não ser para perdermos tempo e desviarmos a nossa atenção daquilo que deveria ser mais importante: o ensino-aprendizagem dos alunos e a procura de soluções para conduzir os alunos com mais dificuldades ao sucesso. Contudo, aguardo a versão definitiva do modelo para me poder pronunciar sobre isto.
No que diz respeito ao 4.º Princípio, parece-me positivo a hierarquização da avaliação, eliminando conflitos de interesses entre avaliados e avaliadores. Contudo, uma questão baila na minha mente: isso não estava já previsto na avaliação anterior? Mas a partir de determinado momento toda a gente servia para avaliador, mesmo sem qualquer formação para o efeito. E isso aconteceu porque foi decretada a “fúria avaliativa” e a partir dessa altura o que importava era levar a cabo essa intenção. Com alguns (maus) resultados que têm surgido um pouco por todo o lado. Se a questão das quotas continuar como está, não será removido o grande obstáculo com o qual nenhum Professor sério concordará…
Não me parece ser positivo o facto de ser prevista uma avaliação totalmente externa, já que apenas é apreciada a desenvoltura de um(a) docente nas aulas programadas. E as outras? Mesmo que o(a) referido(a) docente desenvolva as suas aulas de modo desadequado, isso não terá quaisquer consequências, porque não são observadas. Não me agrada o facto de haver avaliação só por professores de outra escola. Uma avaliação a que falte um acompanhamento de um elemento da escola do avaliado, será sempre uma avaliação coxa.
O 5.º Princípio parece-me vazio de conteúdo, à primeira vista. Se havia observação de aulas, obviamente essas componentes eram forçosamente observadas. Falar de valorização não me parece o termo mais adequado. Não seria mais adequado falar de avaliação das referidas competências? Na minha opinião, nenhuma avaliação será digna desse nome se não avaliar essas competências. Ninguém poderá ensinar bem aquilo que desconhece, não é verdade? Já agora deixo uma sugestão: Por que não colocar a avaliar quem tiver as menções de “Excelente” ou de “Muito bom”? Seria uma “progressão” para algumas pessoas. Julgo não estar enganado ao afirmar que algumas pessoas até viveriam mais felizes nessa situação…
Os 6.º e 7.º Princípios não motivam qualquer comentário da minha parte nesta altura.
Aguardemos então a apresentação do documento do Ministério da Educação e Ciência que corporize estes princípios para depois fazermos a análise devida do mesmo.
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