Já se sabe que não se pode dar de beber a um cavalo que não tem sede. Já se sabe que o verbo aprender (como o verbo amar, por exemplo) suporta mal o imperativo. Já se sabe que um dos mais vitais requisitos para aprender é o querer.
Então, como é que se pode ensinar a quem não quer? Desistindo do ensino e da ideia da educabilidade de alguns seres humanos? Desistindo da ideia da contínua (ainda que lenta) perfectibilidade? Desistindo de um projecto educativo que possibilite o máximo desenvolvimento possível nas várias dimensões do ser humano (cognição, emoção, relação, socialização…)?
Desistir do mínimo/máximo possível significa reconhecer que não podemos ser professores. Admitir que nada há a fazer a não ser entreter e custodiar significa ter de mudar de ofício e profissão. Guardadores de rebanhos. Tomadores de conta.
Para continuarmos a ser professores temos de descobrir uma pedagogia da sede e da exigência. E esta descoberta (árdua e difícil) só pode fazer-se numa lógica de cooperação entre pares, numa lógica de reinvenção dos processos de escolarização, num esforço de exigência da quota-parte de responsabilidade de todos aqueles que são responsáveis pela educação.
Nos tempos que correm ― da importância vital do conhecimento ― temos de saber construir respostas mais inteligentes, mais solidárias, mais inovadoras. A nossa difícil salvação também passa por aqui.
Fonte: Terrear
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