Proposta não corresponde às expectativas e amanhã poderá não haver entendimento
ALEXANDRA MARQUES
Os sindicatos estão insatisfeitos por promessas verbais do ME não constarem no documento ontem entregue. Em causa está a pretensão de que todos os docentes com “Bom” possam atingir o topo da carreira antes de se reformarem.
“Nos termos em que é feita esta proposta, obviamente não merece o nosso acordo. E carece de muitas alterações para o ter”, afirmou, ontem, ao JN, o presidente da Fenprof ― que representa 70% dos professores sindicalizados.
“Há um conjunto de alterações profundas que terão de ser feitas”, adiantou Mário Nogueira, referindo que ainda hoje será enviado ao Ministério da Educação (ME) “o que propomos em alternativa”. Amanhã de manhã realiza-se uma reunião do secretariado-geral da Fenprof e à tarde é o encontro na 5 de Outubro, entre organizações sindicais e ME.
“A garantia dada verbalmente pelo Ministério da Educação em reuniões anteriores de todos os docentes com ‘Bom’ terem a expectativa de, em tempo útil, acederem ao topo da carreira tem de ficar bem clarificada no texto e este ainda não é suficientemente claro quanto a isso”, diz, por sua vez, João Dias da Silva, da FNE.
“As propostas carecem de correcção e de serem melhoradas”, disse Dias da Silva ao JN. “Este documento ainda não corresponde às nossas expectativas, mas esperamos chegar quarta-feira a um que nos satisfaça”, concluiu.
Na mesma linha, o presidente da Fenei/Sindep diz que “a proposta é extremamente ambígua e não responde aos objectivos discutidos verbalmente com a ministra e o secretário de Estado”, sobre o mesmo ponto.
Carlos Chagas aponta que não é consagrada, “quanto à avaliação, a definição e a autonomia do Conselho Pedadógico, que depende exclusivamente do director de escola, o que não aceitamos”. Censura também o regime para os “Bom” sem vaga. “Contém grandes arbitrariedades, pois passam uns e outros ficam retidos ao lado dos que tiveram ‘Regular’”. E, ao invés de Dias da Silva, não vê “indícios de entendimento” para a reunião de amanhã.
Já Júlia Azevedo, presidente do SIPE, contesta o aumento de um escalão numa carreira de 34 anos e “a blindagem” que são as vagas, “que impedem de chegar ao topo e cortam o vencimento de 1 200 euros dos docentes do 2.º escalão”.
“É muito parecida com a proposta inicial. Mantém as vagas e a prova de ingresso”, diz. Também Paulo Guinote contesta o exame de ingresso depois de cinco anos de Bolonha (licenciatura e mestrado) por ser “mais um estágio”.
Por fim, diz que a prioridade dada aos classificados com “Bom” se não houver vaga “é ridícula”. “É como estar numa fila e só passar porque se ficou um ano à espera.”
Fonte: Jornal de Notícias
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