domingo, 27 de dezembro de 2009

Governo recompensa um dos “13 apóstolos da avaliação”

Governo acusado de recompensar professora que apoiou avaliação

por PATRÍCIA JESUS

Armandina Soares foi uma das poucas professoras que deram a cara no apoio ao modelo de avaliação proposto pelo Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues. Este mês foi nomeada pelo Governo para integrar o CNE

A nomeação de Armandina Soares para o Conselho Nacional de Educação (CNE) está a gerar polémica entre os professores. Isto porque a sua escolha é vista como uma recompensa por a directora do Agrupamento de Escolas de Vialonga ter sido uma acérrima defensora da política educativa da anterior ministra. E também porque é encarada como um sinal de que há a intenção de continuar na mesma linha.

O CNE é um órgão consultivo, instituído nos anos 80 com o objectivo de ajudar o Governo a tomar decisões. Inclui dezenas de representantes de várias instituições e sete membros nomeados directamente pelo Governo (ver caixa). Entre os sete novos conselheiros, designados a 14 de Dezembro para um mandato de quatro anos, está Armandina Soares.

Para o professor Paulo Guinote, autor do blogue Educação do Meu Umbigo, esta nomeação é uma “recompensa pelo apoio que foi dado à política do anterior Governo”. Paulo Guinote lembra que Armandina Soares deu a cara pelo grupo de 13 professores que publicamente apoiaram o modelo de avaliação proposto pela equipa de Maria Lurdes Rodrigues. “Foi recompensada com a ida para o Conselho de Educação, o que, atendendo ao seu currículo, pode ser considerado inesperado”, diz.

Para Ilídio Trindade, do Movimento Mobilização e Unidade dos Professores (MUP), a escolha de pessoas que foram defensoras “acérrimas” da política educativa da anterior ministra vem reforçar a convicção de que “uma das intenções do actual Governo é prosseguir com as mesmas políticas na educação”, apesar de lhes ter dado um novo rosto ao mudar a ministra.

Já Mário Nogueira, da Fenprof, considera a nomeação “adequada”. “O Governo indica pessoas porque lhes reconhece mérito ou porque se identificam com as suas políticas. Neste caso é a nomeação de alguém que o Governo sabe que esteve e vai estar sempre do seu lado, mesmo quando não houver argumentos”, conclui. O Ministério da Educação, por seu lado, não comenta as nomeações.

Armandina Soares é docente há 37 anos e já tinha sido distinguida pela tutela com o Prémio de Mérito Liderança em 2007. Em 2004 foi agraciada pelo presidente Jorge Sampaio com as insígnias de grande-oficial da Ordem de Instrução Pública.

Fonte: Diário de Notícias

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