sábado, 6 de agosto de 2011

Dicionário Terminológico introduz novos termos na Gramática

Gramática tem novos termos

06.08.2011 — 14:10 Por Clara Viana

Da terminologia adoptada pelo novo programa de Português para os conteúdos gramaticais desaparecem, nas funções sintácticas, os complementos circunstanciais, mas são introduzidos um complemento oblíquo e um modificador.

Entre várias outras alterações, o sujeito para além de simples ou composto, também poderá passar a ser identificado como nulo. Neste caso, pode ser nulo expletivo (“Choveu muito”), subentendido (“Vamos embora”) ou indeterminado (Dizem que vai chover”).

Estes e muitos outros termos estão fixados no chamado Dicionário Terminológico, um documento que só está acessível on-line e que foi concluído em 2008 na sequência da revisão da Terminologia Linguística para os Ensino Básico e Secundário (TLEBS), que reduziu em cerca de 40 por cento a listagem inicial de mais de 700 termos.

A TLEBS, adoptada no ensino secundário desde o ano lectivo de 2001/2002, foi aprovada por decreto-lei dois anos depois para substituir a nomenclatura gramatical adoptada em 1967. Na sequência de um amplo movimento de opinião contra a sua adopção, o Ministério da Educação optou, em 2007, por determinar a sua revisão e suspender a generalização da experiência no ensino básico. Mas em várias das escolas que já tinham adoptado a nova terminologia esta continuou a ser utilizada.

“Uma terminologia só faz falta quando não há entendimento sobre os termos a usar numa determinada área e esse tem sido o estado do ensino do português”, desde há cerca de 20 anos, contrapõe João Costa, professor da Universidade Nova de Lisboa e um dos autores da revisão da TLEBS. João Peres, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e um dos principais críticos da nova terminologia, também considera que “era importante rever” a nomenclatura de 1967, “mas de uma forma rigorosa bem articulada e quanto possível exaustiva”. “Ora, não foi isso o que se fez com a TLEBS, revista ou não”, acrescenta.

Este docente admite que a versão revista “é mais aceitável”, mas insiste que também esta “abunda em termos não definidos, definições circulares, designações arbitrárias e erros crassos”. Em 2008, João Peres foi um dos signatários de uma carta enviada à então ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, apelando à não homologação da nova terminologia.

Devido a todo o trabalho que entretanto foi desenvolvido, nomeadamente na formação de professores, João Peres considera agora que “seria absurdo recuar neste momento” na sua adopção. “Apenas acontecerá que, onde tínhamos uma má nomenclatura (a de 1967) passamos a ter uma Terminologia má, mas podemos conviver com isso, Uma vez mais, será o tempo a encarregar-se de separar o trigo do joio”, prevê.

João Costa insiste que o facto de persistirem dificuldades neste campo, como ficou mais uma vez demonstrado no último exame nacional do 12.º ano, “”revela que há muito trabalho a fazer para que os alunos aprendam gramática e que tudo isso vai muito além da terminologia”.

PÚBLICO

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