Cada vez mais jovens de todos os estratos sociais usam as tatuagens como forma de diferenciação e afirmação social, segundo uma investigação feita pelo sociólogo e investigador da Universidade do Minho, Vítor Sérgio Ferreira.
No livro ‘Marcas que demarcam: Tatuagem, 'body piercing' e culturas juvenis', apresentado ontem, no âmbito do programa cultural do X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais na Universidade do Minho que hoje chega ao fim, o autor esclarece que há duas grandes tendências nos jovens que decidem tatuar o corpo.
Por um lado, há aqueles que o fazem pela experiência, “porque é moda”, “porque o amigo fez” ou “porque é mais sensual”, e que são responsáveis pela sobrevivência dos estúdios de tatuagem.
Por outro lado, há jovens que fazem das tatuagens uma espécie de “consumo projectual”, aplicando nos seus corpos uma espécie de projecto artístico.
No primeiro grupo prevalece o valor associado à moda e à experiência, enquanto que no segundo estão mais presentes os valores de originalidade, de diferenciação e emancipação social.
“As tatuagens deixaram de ser um privilégio exclusivo de grupos suburbanos e alternativos, para passarem a ser ostentadas por jovens, homens e mulheres, de estatutos e grupos sociais diversos”, defendeu Vítor Sérgio Ferreira, em declarações à Lusa. “Hoje em dia são modificações auto-biográficas, isto é, são marcas que dizem respeito a cada indivíduo, que se inscrevem na pele de cada um e que são feitas, quase sempre, para celebrizar momentos únicos na vida”, afirmou.
Durante o trabalho de campo que realizou ao longo de três anos, em quatro estabelecimentos em Lisboa e arredores, o sociólogo concluiu ainda que há cada vez mais “uma maior tolerância da parte dos pais, uma maior familiaridade com o conceito”. Contudo, “continua a haver sempre um momento de surpresa, de interrogação, até à aceitação total”, acrescentou.
Nos 15 entrevistados e mais de 200 relatos que ouviu, o investigador descobriu que há de tudo um pouco, desde jovens que vão tatuar-se com as mães, que acabam também elas por fazer uma tatuagem, a jovens que já têm o corpo totalmente preenchido, mas que continuam a escondê-lo dos pais.
Fonte: Correio do Minho [07.02.2009]
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