terça-feira, 17 de março de 2009

Língua portuguesa é “obra-prima” vítima de “banalização”, afirma o filólogo Artur Anselmo

O Português é uma "obra-prima" vítima de "um processo de banalização gravíssimo" e a parcela de palavras empregues é "ínfima" face às possibilidades, afirma o filólogo Artur Anselmo, presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa.

Para Artur Anselmo, o Português está a ser vítima de uma banalização que faz com que, cada vez mais, "as pessoas falem todas da mesma maneira", empregando "uma parcela ínfima" dos vocábulos ao seu dispor.

"Nós temos 110 mil palavras dicionarizadas - e não falo nas locuções, que aí iríamos para as 300 mil - e o Português básico está reduzido a menos de mil palavras, o que é péssimo", declarou, criticando "esta falta de variedade, esta uniformidade em que caímos".

"O verbo 'pôr' está a desaparecer, hoje toda a gente 'mete', diz-se 'meto a mesa' em vez de 'ponho a mesa' e isto é mau. O verbo 'fazer' também está a desaparecer: já ninguém 'faz' perguntas, toda a gente 'coloca' questões", exemplificou o filólogo.

Na sua opinião, "os portugueses complicam desnecessariamente uma língua que é uma obra-prima da nossa História" quando "o simples é o contrário do banal - falar com simplicidade, é falar bem, não é falar difícil nem com estereótipos banalizados".

"O purista acabou, aquele indivíduo que nos dizia constantemente as regras da língua" já não existe, considerou Artur Anselmo, para quem a ortografia é importante sobretudo para "ajudar à pronúncia correcta".

"Agora, o que é a pronúncia correcta, a chamada ortoépia?", questionou-se, recordando que, tradicionalmente, se considerava que, no caso de Portugal continental, essa pronúncia passava numa isoglossa (fronteira geográfica de uma certa característica linguística) "situada aproximadamente entre a Mealhada e Leiria", dando-se como exemplo o 'falar de Coimbra', "devido ao prestígio da erudição universitária".

(Continua)

Fonte: PÚBLICO

2 comentários:

Unknown disse...

Colega aqui no Brasil não muda muito daí, nosso jovens também tem um nivel de vocabulário baixíssimo, não leem, somente forçado pela escola e não aprveitam as novas palavras e muito menos copiam a cosntruções sintáticas. Nos professores que os obrigamos a melhorar usando exercicio com essa função!!!
Abraço rpof. Ademar!!!

Unknown disse...

Colega aqui no Brasil não é diferente, nossos jovens só leem obrigado pela escola. E se não criarmos exercício para renovação dos vocabulário, permanece com o mesmo até que a preguiça os matem!!!
Abraço prof. Ademar!!!