É tão variado o país e tantas as circunstâncias dos candidatos que é prudente não concluir nacionalmente. São circunstâncias que fazem, por exemplo, com que os portugueses de Felgueiras e do Marco tenham (agora) vergonha na cara e os de Oeiras ainda não. Cada câmara, cada junta, é um caso. O caso mais caso é o de Ermelo, aparentemente no Iraque, mas não: fica nas Terras de Basto. Camilo escreveu muito sobre este bocado de Portugal, a cavalo entre o Minho e Trás-os-Montes, adepto do bacamarte como argumento. Adolescente, ele próprio ia, pelas festas de São Bartolomeu, com brigões de Cerva, armados com paus de carvalho, dar nas costas dos brigões de Mondim, enquanto as raparigas cantavam, atiçando a bordoada (conto Como Ela o Amava). No tempo camiliano, as Terras de Basto elegiam deputados que se sentavam no Parlamento e, de olhar negro, prometiam aos liberais as mesmas espadeiradas que Gonçalo Mendes , o Lidador, trouxera quando desceu por Portugal. Ontem, um candidato à Junta de Ermelo matou a tiro o marido da presidente da junta. Uma história para Camilo. A única lição nacional a tirar vem do cartaz eleitoral desse candidato: “Ermelo não pode ter medo”. Quem, em democracia, planta o medo como natural, não está com a democracia.
Fonte: Diário de Notícias
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