Sem o saber, a família e a sociedade vão formando delinquentes. A solidão e a correria, o predomínio do ter sobre o ser, a crença de que o Mundo é um brinquedo, a difusão de referências éticas, o consumismo febril, o império das marcas… são alguns dos sinais do nosso tempo.
E a escola é que paga. É que tem de salvar as famílias, regenerar a sociedade, tornar possível o laço social. Numa missão impossível e num processo de destruição psicológica dos professores.
Também por isso é preciso acabar com o mito de uma escola ao serviço da sociedade (como há dias aqui diziam as palavras de António Nóvoa); e mobilizar a sociedade para estar ao serviço da escola.
Eis as práticas eficazes de uma formação para a delinquência:
1. Comece desde a infância a dar ao seu filho tudo o que ele pede. Assim este crescerá convencido de que o mundo inteiro lhe pertence. E que a missão dos pais é satisfazer-lhe os desejos de consumo.
2. Não lhe dê qualquer educação moral. Espere que seja de maior idade para que possa decidir livremente.
3. Quando disser palavrões, ache graça, ria-se. Isto anima-lo-á a fazer coisas ainda mais graciosas.
4. Não o confronte, não lhe diga que errou, que está mal algo que faz, pois poderia criar-lhe um complexo de culpa.
5. Apanhe tudo o que ele tiver espalhado: livros, sapatos, roupa, jogos... Assim, ele habituar-se-á a deixar os outros assumir as responsabilidades.
6. Deixe-o ler tudo o que lhe caia nas mãos e ver todos os programas que lhe apetecer. Tome cuidado para que os seus pratos, copos e talheres estejam bem esterilizados, mas deixe que a sua mente se encha de imundície, para que ele aprenda a considerar valioso aquilo que é lixo.
7. Discuta e brigue com o seu cônjuge na sua presença. Deste modo ele não se surpreenderá nem sofrerá demasiado quando a família se separar.
8. Dê-lhe todo o dinheiro que ele quiser gastar, para que ele não suspeite que para dispor de dinheiro é preciso esforçar-se e trabalhar.
9. Satisfaça todos os seus desejos, apetites, comodidades e prazeres. O sacrifício e a austeridade poderiam frustrá-lo.
10.Ponha-se do seu lado em qualquer conflito que ele mantenha com os professores, vizinhos e amigos. Acredite que todos eles têm preconceitos contra o seu filho e, na verdade, só querem prejudicá-lo.
(a partir de Miguel Ángel Santos Guerra)
Fonte: Terrear
2 comentários:
A recomendação número 7 deste "anti-manual" traduz muito do que se passou durante o consulado de Maria de Lurdes Ridrigues (neste casamento falhado de governo e classe docente): o ministério atacou, vilipendiou, denegriu, desautorizou os professores. Alguma opinião pública, babando-se cinicamente, tomou essa atitude como exemplar e, agora,não há cão nem gato que deixe de insultar os docentes. Incluindo, infelizmente, alunos.
Abraço, Telmo! JJC
Caro Amigo,
Concordo com o teu comentário. Há pessoas tão "cegas", que são incapazes de ver o mal que causam aos outros. Mas um país que não respeita os seus Professores, não irá muito longe...
Abraço.
TB
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