ARF – Referiu que um dos aspectos positivos em Portugal nestes últimos anos era as pessoas conhecerem melhor a democracia e estarem a viver melhor a democracia. Mas isto está a incomodar o poder político?
― Claro que está.
ARF – A incomodar muito?
―Esse é o aspecto, se falarmos unicamente no plano político. Portugal não é o plano político. Não é. Felizmente é muito mais do que isso. Não vale a pena bater no ceguinho, toda a gente fala nisso, eu também. Há realmente uma nova tendência para o autoritarismo, para uma nova forma de autoritarismo.
EP – Arrogância?
―Arrogância, autoritarismo. Quer dizer, desprezo da democracia em nome da vontade autocrática de um governante ou dois.
ARF – É o que se passa no caso dos professores? Nomeadamente neste momento em que os professores estão na rua, manifestações imensas. Refere-se muito à não-inscrição. A não-inscrição neste caso é o Governo ignorar isso tudo?
― Totalmente. É um exemplo típico de não-inscrição. Totalmente. Não só não-inscrição. Há pior do que isso. Eu ouvi o secretário de Estado, como milhões de pessoas ouviram na televisão, o secretário de Estado Pedreira dizer, depois das assinaturas, isto foi há três dias.
ARF – O abaixo-assinado.
― O abaixo-assinado apresentado no Ministério da Educação. Dizendo, mas isso podia ser forjado. Quer dizer. Eu fiquei com vergonha.
ARF – Porque não era preciso apresentar a escola.
― Não era preciso apresentar. Poder-se-ia forjar.
ARF – As assinaturas.
― Quer dizer. Não são as 60 mil assinaturas. É o facto de forjar. Percebe?
Entrevista completa no Correio da Manhã
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