segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
De novo o flagelo dos incêndios...
Nos últimos dias têm ocorrido alguns incêndios no
concelho de Cabeceiras de Basto, que só a pronta intervenção de populares ou dos bombeiros tem evitado
o alastrar do fogo e a destruição de grandes manchas florestais ou mesmo de
habitações.
Ontem, ao fim da tarde, começou um incêndio nas imediações de Painzela, conforme a foto documenta.
Se não tivesse sido atacado rapidamente, decerto teria
causado muitos preocupações, pois estava próximo de uma mancha florestal onde
pontificam pinheiros bravos e eucaliptos, que ardem como pólvora.
Hoje, segundo à página da Autoridade Nacional de Protecção
Civil, estava em curso um incêndio na zona de Vilar – Gondiães, a zona mais distante da sede do concelho.
Julga que a foto seguinte consegue documentar que o ar de
Cabeceiras de Basto estava hoje mais poluído do que é habitual, devido ao fumo
dos vários incêndios que lavravam em vários locais e em concelhos diferentes.
Assistiremos algum dia ao fim deste flagelo que nos
apoquenta todos os anos?
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
sábado, 24 de agosto de 2013
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Deverão as escolas poder escolher os seus docentes?
Há quem defenda este caminho, como é o caso de David Justino, antigo ministro da Educação e actual presidente do
Conselho Nacional de Educação (CNE). Deus nos livre de tal situação! Espero que
tal nunca aconteça e muito menos durante o tempo que me falta para a reforma. Mas
teremos de estar vigilantes, pois se mantivermos uma atitude passiva, como
fizemos durante muito tempo, essa possibilidade poderá tornar-se uma realidade… Há quem o deseje há muito tempo!...
A propósito de Liberdade...
«A única liberdade digna desse nome é a de
buscarmos o nosso próprio bem pelo nosso próprio caminho, na medida em que não
privemos os outros do seu bem nem os impeçamos de se esforçarem por
consegui-lo. Cada um de nós é o guardião natural da sua própria saúde, seja
esta física, mental ou espiritual. A humanidade ganha mais consentindo a cada
qual viver à sua maneira do que obrigando-o a viver à maneira dos demais.»
John Stuart Mill, Sobre a Liberdade
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
A imbecilidade terá cura?
«Em
que consiste essa consciência, que nos curará da imbecilidade moral?
Fundamentalmente nos traços seguintes:
a) Saber que nem tudo vem a dar no
mesmo porque queremos realmente viver e, além disso, viver bem, humanamente bem.
b) Estarmos dispostos a prestar atenção para vermos se aquilo que
fazemos corresponde ou não ao que deveras queremos.
c) À base de prática, irmos
desenvolvendo o bom gosto moral, de
tal modo que haja certas coisas que nos repugne
espontaneamente fazer (por exemplo, termos «nojo» de mentir como temos em
geral nojo de mijar na terrina da sopa que vamos comer a seguir...).
d) Renunciarmos a procurar
argumentos que dissimulem o facto de sermos livres e portanto razoavelmente
responsáveis pelas consequências dos nossos actos.»
Fernando Savater, Ética para Um Jovem,
D. Quixote, Alfragide, 2012, pp. 86
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CITAÇÕES; FERNANDO SAVATER; IMBECILIDADE; CURA
MEC acusado de mau uso de dinheiros públicos
O
Sindicato dos Professores da Grande
Lisboa (SPGL) vai mesmo avançar já em setembro com um processo em tribunal
contra o Ministério da Educação e Ciência por mau uso de dinheiros públicos e protecção
ilegítima de interesses privados.
Fonte: TVI
Como reconhecer a imbecilidade?
É
capaz de reconhecer um(a) imbecil? Mesmo que a resposta seja afirmativa, não
deixe de ler o texto que a seguir transcrevo.
«Sabes
qual é a única obrigação que temos nesta vida? Pois é a de não sermos
imbecis. A palavra «imbecil» é mais densa do que parece, não duvides. Vem do
latim baculus, que significa «bastão»: o imbecil é o que precisa de um
bastão ou bengala para andar. Que não se zanguem connosco os coxos nem os
velhos, porque a bengala a que nos referimos não é a que muito legitimamente se
usa para ajudar a sustentar-se e a andar um corpo enfraquecido por algum
acidente ou pela idade. O imbecil pode ser tão ágil quanto se queira e dar
saltos como uma gazela olímpica, não é disso que se trata. Se o imbecil coxeia
não é dos pés, mas do espírito: é o seu espírito que é enfermiço e manco,
embora o seu corpo possa dar cambalhotas de primeira. Há imbecis de diversos
modelos, à escolha:
a)
O que acredita
que não quer nada, o que diz que para ele é tudo igual, o que vive num perpétuo
bocejo ou numa sesta permanente, mesmo que tenha os olhos abertos e não
ressone.
b)
O que acredita
que quer tudo, a primeira coisa que lhe aparece e o contrário do que lhe
aparece: ir-se embora e ficar, dançar e estar sentado, mascar dentes de alho e
dar beijos su- blimes, tudo ao mesmo tempo.
c)
O que não sabe o
que quer nem se dá ao trabalho de o averiguar. Imita os quereres dos seus
vizinhos ou contraria-os porque sim, tudo o que faz lhe é ditado pela opinião
maioritária daqueles que o rodeiam: é conformista sem reflexão ou revoltado sem
causa.
d)
O que sabe que
quer e sabe o que quer e, mais ou menos, sabe porque é que o quer, mas quer
pouco, com medo ou sem força. Acaba sempre por fazer, bem vistas as coisas, o
que não quer, deixando o que quer para amanhã, pois talvez amanhã esteja mais
bem-disposto.
e)
O que quer com
força e ferocidade, em estilo bárbaro, mas se enganou a si próprio acerca do que
é a realidade; despista-se em grande e acaba por confundir a vida boa com
aquilo que o há-de tornar pó.
Todos
estes tipos de imbecilidade precisam de bengala, ou seja, precisam de se apoiar
em coisas de fora, alheias, que nada têm a ver com a liberdade e a reflexão
pessoais. Lamento dizer-te que os imbecis costumam acabar bastante mal, pense o
vulgo o que pensar. Quando digo que «acabam mal» não me refiro ao facto de
acabarem na prisão ou fulminados por um raio (isso só nos filmes costuma
acontecer); limito-me a indicar-te que costumam fartar-se de si próprios e
nunca conseguem viver uma vida boa, como essa que nos agrada tanto, a ti e a
mim. E ainda lamento mais informar-te de que sintomas de imbecilidade quase
todos nós os temos; bom, eu pelo menos descubro-os na minha pessoa dia sim, dia
sim; oxalá que tu consigas melhor do que eu... Conclusão: Alerta! Em guarda! A
imbecilidade ronda e não perdoa!»
Fernando Savater, Ética para Um Jovem,
D. Quixote,
Alfragide, 2012, pp. 83-84
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CITAÇÕES; FERNANDO SAVATER; IMBECILIDADE
terça-feira, 20 de agosto de 2013
domingo, 18 de agosto de 2013
Festa das Associações anima Cabeceiras de Basto (S. Nicolau)
Cabeceiras de Basto (S. Nicolau)
esteve este fim-de-semana em festa com a realização da tradicional Festa das Associações. Na sexta-feira à
noite teve lugar a música de concertinas e a realização de um jogo de futebol,
para o qual foram convidados os maiores de 35 anos, que animou os espectadores,
os quais deram fartas gargalhadas durante a realização do mesmo. Enfim, a
comunidade daquela freguesia convive e diverte-se, esquecendo os tempos de
crise durante alguns momentos.
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
A EMBRIAGUEZ, segundo o Padre António Vieira
EMBRIAGUEZ
Contudo
em outras matérias, não poucas, nem pouco graves, vejo entre nós viver muito
leves e muito alegres sem nenhum escrúpulo algumas almas, e não das menores,
como fala Séneca... as quais pelo que obram, ou têm obrado, assim no Reino,
como fora dele, deveram andar muito tristes e muito escrupulosas. Aquelas
dívidas que não se pagam, aquelas violências e os danos delas, aqueles votos
injustos e suas consequências, aquelas informações falsas antepostas ao merecimento
verdadeiro, aquelas riquezas adquiridas não sei como, ou como todos sabem, não
são matérias bastantes para causar grandes escrúpulos? Pois como é possível que
o não façam homens cristãos, e que se confessam, e comungam? É porque lhes
diverte o escrúpulo, e porque lhes perturba e tira o juízo, não o remédio de
Lutero, mas outro muito semelhante.
………………………………………………
Assim
que, não é só o vinho o que embebeda. Embebeda a soberba, embebeda a ambição,
embebeda a cobiça, embebeda a luxúria, embebeda a ira, embebeda a inveja, e até
aos que não têm a invejar embebeda a sua mesma fortuna, como de Cleópatra disse
o Poeta... Por este modo, sem perder a fé, bebendo-se docemente os vícios, se
adormentam neles os escrúpulos, e se divertem os estímulos da consciência, como
fazia Lutero. Na mocidade esperando pela velhice, na velhice não crendo a
morte, e na mesma morte por amor da família, que cá fica, levando o escrúpulo
atravessado na garganta, e sendo levados dele aonde já não têm remédio.
Padre António Vieira, Sermões
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Descubra as diferenças...
A Praça da República de Cabeceiras de Basto era assim antes das
obras que a descaracterizaram e taparam o Mosteiro
de S. Miguel de Refojos a quem desce da freguesia de Outeiro e a quem vem da Boavista
e quer deslocar-se para aquele lugar. Aqui fica a lembrança de como era aquele
espaço, num registo fotográfico datado de 17 de Setembro de 1995.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Filha de Agustina Bessa-Luís lança livro de contos sobre o Douro
A pintora e escritora Mónica Baldaque apresentou recentemente o novo livro «Vinte Anos na Província», o qual é constituído por um conjunto de dez contos. A filha da consagrada escritora Agustina Bessa-Luís falou à RTP da sua nova obra.
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LITERATURA; MÓNICA BALDAQUE; CONTOS; DOURO
domingo, 4 de agosto de 2013
E se lêssemos mais o nosso maior pregador?
O BOM CONSELHEIRO
Ninguém pode mandar só, se
houver de mandar como convém. Ao lado do ofício de mandar, deve andar sempre o
ofício de sugerir, ou como companheiro, ou como instrumento inseparável. A
obrigação e exercício deste segundo e tão importante ofício, é o que significa
a mesma palavra sugerir; que vem a ser, lembrar, inspirar, aconselhar,
conferir, persuadir, despertar, instar. Os talentos que para o mesmo ofício se
requerem, são maiores e mais relevantes: grande entendimento, grande
compreensão, grande juízo, grande conselho, grande zelo, grande fidelidade, grande
vigilância, grande cuidado, grande valor. As disposições e os meios com que se
exercita, ainda são de mais altas e mais interiores prerrogativas: suma
comunicação, suma confiança, íntima amizade, íntima familiaridade, íntimo amor;
e não só perfeita união, senão ainda unidade. De sorte que os dois sujeitos em
que concorrem estes dois ofícios, de tal maneira hão-de ser dois, que verdadeiramente
sejam um: de tal maneira hão-de ser diversos, que verdadeiramente sejam o
mesmo.
Padre António Vieira, Sermões
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
terça-feira, 30 de julho de 2013
terça-feira, 23 de julho de 2013
sábado, 20 de julho de 2013
Listas de colocações de Educadores e Professores 2013
De acordo
com o sítio do Sindicato dos Professores da Zona Norte (SPZN), as listas de colocações serão publicadas
previsivelmente no início da próxima semana.
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EDUCAÇÃO; PROFESSORES; CONCURSO; COLOCAÇÕES
quinta-feira, 11 de julho de 2013
domingo, 7 de julho de 2013
quarta-feira, 3 de julho de 2013
terça-feira, 2 de julho de 2013
domingo, 30 de junho de 2013
sábado, 29 de junho de 2013
quarta-feira, 26 de junho de 2013
segunda-feira, 24 de junho de 2013
domingo, 23 de junho de 2013
quinta-feira, 20 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
«Mobilidade especial para quem governa mal»
No passado dia 15 de Junho estive presente
na Manifestação Nacional de Professores,
realizada em Lisboa, durante a qual foi gritado, entre outros, o slogan acima referido. Foram muitos os
milhares de docentes que responderam ao apelo dos sindicatos e foram à capital
mostrar ao Governo e ao Ministro da Educação e Ciência que os profissionais da
Educação não deixam de defender a sua dignidade e continuarão a lutar contra este
Governo que não os respeita. Aqui ficam algumas imagens daquele dia.
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EDUCAÇÃO; DOCENTES; MANIFESTAÇÃO NACIONAL
segunda-feira, 17 de junho de 2013
domingo, 16 de junho de 2013
Quem retira as escolas da tristeza?
Protestos e exames fecham o ano em que a escola entristeceu
A perturbação causada pela greve dos
professores parece ter sido apenas mais um elemento perturbador num ano
difícil. Há quem pergunte: como é que se ensina e aprende quando toda a escola
está triste?
Ontem à tarde, João, Diogo e Vanessa estavam
a estudar para um exame que não sabem se terão amanhã, por causa da greve geral
dos professores. À mesma hora, milhares de docentes manifestavam-se nas ruas,
em Lisboa, depois de uma semana de greve às avaliações que faz com que a maior
parte dos alunos tenha de enfrentar as provas nacionais sem conhecer a nota do
3.º período. Jorge Ascenção, da Confederação Nacional das Associações de Pais
(Confap), acompanhava as notícias: “Será possível, ainda, um acordo entre o
Ministério da Educação (MEC) e os sindicatos?”
Foi mais um dia de ansiedade. Só mais um,
depois de semanas especialmente tumultuosas, mas que não destoaram
completamente do clima que se viveu nas escolas ao longo de todo o ano, dizem
alunos, pais e professores. Por causa da crise, que atingiu as famílias e
entrou na escola, contaminando tudo, mas também devido a inúmeras novidades no
sector da Educação – desde o aumento do número de alunos por turma às
alterações curriculares.
“Tudo junto, poderá reflectir-se nos
resultados dos exames? Creio que não será mensurável, porque há demasiados
factores envolvidos, entre os quais a maior ou menor dificuldade da prova. Mas,
a médio prazo, reflectir-se-á na qualidade do ensino”, considera Carlos Santos,
director da Escola Secundária Joaquim de Carvalho, na Figueira da Foz.
A sua escola é privilegiada. Tem autonomia,
não está agrupada, recebe, principalmente, alunos de classe média. Mas já foi
mais feliz: “A crise afecta os alunos. Tenho muitos colegas com um dos pais
desempregado, nota-se que há menos dinheiro para tudo: para comer fora, para ir
para os copos, para as explicações. E admito que até possa haver problemas mais
graves, de fome, que não detectamos...”, comenta o presidente da Associação de
Estudantes, João Fortunato. Quanto aos professores, diz, “estão mais ocupados,
mais saturados e com menos disponibilidade para desenvolver os projectos que
dantes animavam a escola”.
“Somos pessoas de carne e osso. Acho que a
opinião pública, quando nos crucifixa, se esquece disso – nós também temos
cortes nos vencimentos, familiares desempregados, compromissos a que não
conseguimos responder; e, para além disso, estamos a assistir à destruição da
escola pública”, faz notar Cristina Pereira, professora de Português de João.
O
discurso de directores, professores e alunos não é muito diferente noutras
escolas do Norte e do Sul do país. Jorge Ascenção, da Confap, acredita que “parte
do desalento dos professores resulta da altíssima expectativa que tinham em
relação ao ministro Nuno Crato”. “Este ano foi um choque”, diz.
Turbulência começou
cedo
A turbulência nas escolas fez-se sentir ainda
o ano lectivo não tinha começado, em réplicas da política de redução de
despesas, que incluiu o encerramento de estabelecimentos do 1.º ciclo, a
criação dos mega-agrupamentos, o aumento do número de aulas dadas por cada
professor e o desaparecimento das áreas não disciplinares do currículo dos
alunos.
Numa primeira tentativa de redimensionar os
quadros, os directores indicaram, em Agosto, que quase 14 mil professores de
carreira ficariam com horário-zero, ou seja, nas escolas e com salário, mas sem
dar aulas. No fim do mês, mais um abalo, dessa vez a atingir os professores sem
vínculo à função pública, mas, ainda assim, com dez, 15 e às vezes 20 anos de
serviço: dos 51 mil que se candidataram, só ficaram colocados 7600, menos 5147
do que no ano anterior.
Passaram nove meses, mas “o medo, a
instabilidade e o sentimento de injustiça de quem ficou na escola só se agravou”,
comenta Adelina Precatado, professora de Matemática e subdirectora da Escola
Secundária de Camões, em Lisboa.
O número de horários-zero baixou para 600,
com a “repescagem” de parte dos docentes e a ocupação provisória dos restantes
em “actividades de promoção do sucesso educativo e de combate ao abandono
escolar”. Mas não se alterou o desequilíbrio sentido nas escolas, com uns
professores a arcarem com um maior número de alunos e de turmas e outros sem
poderem dar aulas.
Entretanto, aposentaram-se muitos professores
(mais de 1200, só desde Janeiro), mas as escolas continuaram a fechar e o
número de mega-agrupamentos a crescer. Para além disso, o horário de trabalho
vai aumentar para 40 horas e, apesar de o MEC assegurar que não fará crescer a
carga lectiva, os sindicatos já fazem contas ao número de professores que
poderão ser dispensados com uma alteração tão simples como a não atribuição de
tempo para a direcção de turma.
O cenário foi definitivamente agravado por
outro factor. A mobilidade especial, com perda de salário e risco de
despedimento, deixou de ser um fantasma que o ministério garantia que não viria
a aplicar-se aos professores. Já os atingiu, agora com a designação de “requalificação
profissional”, e, a par com o aumento do horário de trabalho, é o motivo da
greve às avaliações e aos exames que está em curso.
O desalento dos professores afecta a
qualidade de ensino? “Por maior esforço que façam para tentar que isso não
aconteça, afecta, sentimos que, para eles, cada dia é uma batalha”, diz Diogo
Madruga, presidente da Associação de Estudantes da Secundária de Camões, em
Lisboa. Considera, mesmo, que “a greve num dia de exames, para um professor que
preparou os seus alunos, é uma manifestação de desespero que os alunos têm de
entender e apoiar”.
Vanessa Ferreira, aluna da Escola Secundária
D. Maria II, de Braga, também sente que o “stress dos professores” prejudica a
qualidade das aulas. Quanto à greve às avaliações e em dia de exame, é menos
compreensiva: “Têm o direito de a fazer, claro, mas espero que saibam a
ansiedade e a insegurança que isto nos provoca”, afirma. João Fortunato também
pensa que, mais do que uma eventual perda de qualidade das aulas, a incerteza
quanto ao dia do exame pode prejudicar os resultados. Depois destes, serão os
alunos do 6.º e do 9.º a serem atingidos com a greve do dia 27.
“Custa, claro, mas penso que a maior parte
dos alunos compreende que estamos a lutar também pela escola, pela qualidade de
ensino”, reage Adelina Precatado. Esta professora também pertence à Associação
de Professores de Matemática e, como exemplo, indica factores “que prejudicam a
escola”. As turmas maiores; o fim do estudo acompanhado e do Plano da
Matemática, que, argumenta, não foram compensados pelo acréscimo de 45 minutos
de aulas nos 2.º e 3.º ciclos; o desencontro entre o programa de Matemática e
as metas definidas pelo MEC, que na sua perspectiva pode prejudicar os alunos
que fazem exames do 6.º e do 9.º anos; ou a decisão do ministério de substituir
o programa do básico, enumera.
No que respeita às alterações curriculares e
de carga horária, as reacções variam consoante os grupos disciplinares dos
professores e, até, conforme os cursos dos alunos.
Cristina Pereira, professora de Português,
admite que naquela disciplina os 45 minutos a mais, no básico e no 12.º ano,
foram muito positivos. “Parece pouco, mas permite desenvolver a escrita, por exemplo,
o que é importantíssimo”, considera. No último ano do secundário, então, diz, “foram
fundamentais, dada a extensão do programa e a complexidade dos autores
estudados”.
A
Diogo Madruga, estudante de Humanidades, agradou quer o tempo acrescido na
disciplina de Português quer a redução da carga horária no 12.º ano, que
permite “aos alunos terem mais tempo para si”. Em relação ao desaparecimento
das áreas não disciplinares já tem uma opinião diferente, “especialmente
Formação Cívica”, e ao desinvestimento nas disciplinas de Educação Visual e de
Música no Ensino Básico. “Neste caso, sim, os reflexos serão graves, a médio e
longo prazo”, avisa, sublinhando que “aquelas áreas são decisivas para o
desenvolvimento do sentido crítico e da criatividade”.
Em cima do joelho
Como Diogo, Vanessa Ferreira, a estudante de
Braga, não chora o tempo cortado nas disciplinas de opção do 12.º ano, que
nalguns casos perderam 135 minutos. Já João Fortunato, aluno da área de
Ciências, acredita que “ele terá reflexos na preparação para o ensino superior”.
No seu caso, pelo menos, está certo disso. Escolheu Física, uma disciplina que
considerava estruturante para o seu futuro, mas “como o programa, muito
extenso, não foi alterado, os professores deram um cheirinho de tudo e não
conseguiram aprofundar nada”, lamenta.
Antónia Costa, professora de Química na
Escola Secundária de Camões, diz que o que se passou com as disciplinas de
opção “é um belíssimo exemplo da maneira como as coisas muitas vezes são decididas
e feitas em cima do joelho”.
Conta que, em Outubro, o grupo disciplinar a
que pertence pediu orientações ao MEC sobre a aplicação do programa e dos
critérios de avaliação, que na sua perspectiva teriam de mudar com a “drástica
redução da carga horária”. A resposta demorou meses, mas chegou, a 21 de Maio. “Sugeriu
a tutela, quase no fim do ano lectivo, que os professores do grupo se reunissem
e decidissem entre si quais as matérias fundamentais...”, conta.
A perturbação causada pela falta de
informações, por informações contraditórias ou incompletas e por decisões com
efeitos sérios sem aviso prévio é comum a directores, professores e alunos.
João Fortunato coloca mesmo entre os maiores
sustos que apanhou o anúncio, este ano, de que “as regras dos exames iam mudar
a meio do jogo”. Apesar de a decisão ter sido tomada em Agosto, foi em Outubro
que alunos, pais e professores descobriram, através de uma nota numa das páginas
do MEC, que os exames nacionais iam incidir sobre os programas dos três anos do
ensino secundário.
João reconhece que não demorou muito até que
o Governo cedesse aos protestos e optasse pela aplicação progressiva da medida,
que só será generalizada aos alunos que estão agora a concluir o décimo. “Mas
estas coisas abalam, perturbam – que segurança podemos ter quando percebemos
que as regras podem mudar a qualquer altura?”, lamenta. Diogo não se assustou
porque confiou, precisamente, na instabilidade: “Isso pareceu-me tão absurdo
que vi logo que mais dia menos dia o Governo desmentia ou voltava atrás. E
assim foi”, justifica.
Os representantes das associações de
directores reclamam da falta de clareza das orientações oficiais “que obriga a
esclarecimentos, a esclarecimentos sobre os esclarecimentos e, às vezes, a
circulares contraditórias com os esclarecimentos anteriores”. E Jorge Ascenção,
da Confap, lamenta saber de notícias relevantes para os alunos pelos pedidos de
comentários dos jornalistas. Não diagnostica má-fé, mas apenas “um problema de
comunicação” que, diz, “tem contribuído para o clima de ansiedade entre os membros
da comunidade educativa”.
O
líder da Confap diz que o que prejudicou a escola, este ano, “foi tudo isso
somado às medidas de austeridade que afectam toda a sociedade, mas que são
especialmente graves”, considera, “quando envolvem crianças e jovens”. “Os pais
estão tristes, os professores estão tristes, os alunos estão tristes. Como é
que se pode ensinar
e aprender bem quando toda a escola está triste?”, pergunta Jorge Ascenção.
Graça Barbosa Ribeiro
16.06.2013
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