sábado, 30 de dezembro de 2017
Olha quem escreve sobre Educação !
A antiga ministra da Educação, Maria de
Lurdes Rodrigues, que pôs em marcha uma guerra sem quartel contra os docentes,
chegando a reunir 100 mil em Lisboa, os quais exteriorizaram, durante uma
marcha, a sua indignação em relação à política educativa desenhada por aquela
governante, resolveu agora, num artigo de opinião intitulado «Pensar as políticas de saúde e de educação»,
publicado na edição do Diário de
Notícias do passado dia 29 de Dezembro, escrever sobre a Educação. Aqui fica um extracto do referido
artigo, no que se refere à Educação.
Na educação, as questões críticas
dizem hoje respeito às necessidades de formação dos adultos. São cerca de 600 mil,
com idades entre os 25 e os 35 anos, os que não concluíram o básico ou o
secundário. Precisamos de criar oportunidades de qualificação para estes
adultos e de aumentar o número dos que prosseguem estudos no superior. Por
isso, não têm razão os estudos que invocam razões demográficas para concluir
que o número de alunos tenderá a diminuir e que há ou haverá em breve excesso
de professores. Nos cenários traçados nesses estudos raramente se inclui a
exigência de qualificação dos adultos e a identificação dos recursos para tal
necessários. Se o fizermos, concluiremos que, em Portugal, não existem
escolas ou professores a mais, mas alunos a menos. São portanto necessárias
políticas de educação de adultos, se queremos mesmo superar os défices de
qualificação que são, simultaneamente, obstáculos ao desenvolvimento económico
e um dos fundamentos da desigualdade social que marca negativamente o país.
_______________________________________________
Diário
de Notícias SEXTA-FEIRA
29.12.2017
Ano 154.º | N.º 54 309
Ano 154.º | N.º 54 309
terça-feira, 26 de dezembro de 2017
domingo, 24 de dezembro de 2017
domingo, 19 de novembro de 2017
domingo, 12 de novembro de 2017
sábado, 11 de novembro de 2017
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
Não votar Francisco Alves ...
Aproxima-se a
passos largos a data das eleições autárquicas. Embora haja a possibilidade de
votar em três listas [Independentes
por Cabeceiras (IPC), Partido Socialista (PS) e Coligação Democrática Unitária
(CDU)], apenas as duas primeiras terão fortes possibilidades de conquistar a cadeira presidencial.
O PS, que está à
frente dos destinos do concelho há mais de 20 anos, apresenta-se a estas eleições com a vontade
real de manter o poder, para poder continuar o trabalho pelo desenvolvimento do
concelho.
O IPC, que aposta
no tudo ou nada nestas eleições, rendeu-se aos encantos do PSD e CDS, com a miragem
de assim chegar ao poder… Ora este movimento político agrega gente das mais
diversas origens políticas, que ainda não terá dado conta de que o anterior
presidente da Câmara, Eng.º Joaquim Barreto, já não é candidato na lista do PS
à Câmara Municipal, tem vindo a desenvolver uma campanha que tenta criar
fantasmas, de modo a procurar incutir receio nas pessoas…
Tenho a dizer
que há cerca de 24 anos fui um dos elementos que integraram a comissão de
candidatura do Eng.º Joaquim Barreto, a qual planeou e executou uma campanha
que empenhou todas as suas forças para conquistar a Câmara Municipal. Alguns
dos elementos preponderantes do IPC que agora se queixam de falta de liberdade
eram acérrimos defensores de Joaquim Barreto e até o endeusavam… Quem for
sério, admitirá que o concelho já estava bem melhor quando Joaquim Barreto deixou
de concorrer à Câmara Municipal, por limitação de mandatos.
Sabemos como
surgiu o IPC, há quatro anos. O seu líder, Jorge Machado, foi durante mandatos
sucessivos vereador da Câmara Municipal presidida por Joaquim Barreto e nunca,
que eu saiba, se queixou de falta de liberdade. Até se tornou militante do
Partido Socialista. Mas o caldo entornou-se, há quatro anos, quando na votação
para a escolha do candidato do PS os militantes optaram pelo Dr. China Pereira.
Naquela época, Jorge Machado terá sentido ‘falta de liberdade’ e como seria
quase impossível concretizar o seu sonho, escolheu a via de medir forças com o
partido que o promovera durante mais de uma década. Aqui chegados, sabemos como
é fácil arregimentar comparsas cujo ego se coloca sempre na primeira fila para
ter visibilidade e procurar obter um lugar que lhe possa dar algum prestígio e
poder…
O actual
Presidente da Câmara, levou a bom porto a sua função, quando alguns punham em
dúvida o seu desempenho, a partir do pedido de demissão do Dr. China Pereira,
sobretudo devido às ondas geradas no partido e fora dele. Fui acompanhando o
desenrolar do mandato, como um cidadão interessado pelas coisas que se vão
passando na terra em que vive, e verifiquei como Francisco Alves soube honrar o
cargo que tem exercido e dignificar o concelho de Cabeceiras de Basto. Quando
muitos julgavam impossível gerir a Câmara Municipal, Francisco Alves teve o
engenho de construir pontes…
Do que atrás
fica dito, deverá concluir-se que não
votar Francisco Alves é defender uma terra em que:
– a mentira se sobrepõe à verdade;
– os egoísmos pessoais ou de grupo se sobrepõem
à solidariedade;
– o ódio e a
maledicência se sobrepõem ao respeito pelo nosso semelhante e à tolerância;
– o facilitismo se sobrepõe ao rigor e à
responsabilidade.
Assim, no
próximo dia 1 de Outubro votarei nas listas do Partido Socialista, esperando e
desejando que Francisco
Alves continue a gerir os destinos do
nosso concelho.
Nota:
Nunca fui militante de qualquer partido político e também não integro as listas
do PS. O que aqui deixo escrito, fi-lo de livre e espontânea vontade.
Há alturas em que não podemos ficar indiferentes. Esta
é uma delas ! …
Telmo Bértolo
domingo, 24 de setembro de 2017
Resumo da obra «O Triunfo dos Porcos», de George Orwell
O leitor já terá ouvido a expressão “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que os
outros”. Sabe qual é a sua origem ?
Tal expressão
tem a sua origem na obra “O Triunfo dos Porcos”, de George Orwell, publicada no Reino Unido a 17 de Agosto
de 1945 e apontada pela revista americana Time como
uma das cem melhores da língua inglesa.
Trata-se de
uma obra literária cujas personagens são animais, a viver numa quinta cujo dono
é o sr. Jones, na qual é contada uma história protagonizada por dois porcos,
Snowball e Napoleão. Orwell recorre a animais para retratar fraquezas humanas e
satirizar a luta pelo poder e o seu exercício.
Tudo começa
quando consta que o velho Major, um porco muito considerado na quinta, que fora
premiado numa exposição, tivera um sonho na noite anterior e que desejava
transmiti-lo aos outros animais. Todos concordaram reunir-se no celeiro grande,
logo que o sr. Jones se tivesse afastado. E assim foi. Reunidos no local
combinado, Major alertou-os para o facto de levarem uma vida miserável,
trabalhosa e curta, cujo culpado era o homem. Incentivou-os, pois, a
libertar-se do jugo dele, advertindo-os: «Lembrem-se
ainda de que quando lutamos contra o homem não devemos vir a parecer-nos com
ele; nem, quando o vencermos, devemos copiar os seus vícios. Nenhum animal
deverá viver numa casa, nem usar roupas, nem dormir numa cama, nem tocar em
dinheiro ou comerciar. Todos os hábitos do homem são depravações. E acima de
tudo nenhum animal deve tiranizar outro animal. Fracos ou fortes, espertos ou
estúpidos – somos todos irmãos. Nenhum animal deve matar qualquer outro animal.
Todos os animais são iguais.» (George
Orwell, O Triunfo dos Porcos,
Editora Perspectivas & Realidades, Lisboa, 1976, p.11
A seguir
contou-lhes o seu sonho, que tinha a ver com a libertação de todos os animais.
Passadas
três noites, Major morreu, enquanto dormia. Durante os meses seguintes houve
muita actividade secreta. O trabalho de ensinar os outros recaiu naturalmente
nos porcos, que eram reconhecidos como os animais mais inteligentes.
«Entre os porcos, salientavam-se, pela sua
inteligência, Snowball e Napoleão, que Jones estava a criar para vender.
Napoleão era um belo porco Berkshire, o único desta raça que havia na quinta.
Não falava muito, mas era persistente nas ideias e sabia conseguir os seus
fins. Snowball fora sempre mais vivo do que Napoleão. Falava mais rapidamente e
tinha mais iniciativa, mas não o consideravam dotado de tão bom carácter. Todos
os outros porcos da quinta eram de engorda. O mais conhecido, entre eles, era
um gorducho, chamado Squealer, de faces redondas, olhos brilhantes, movimentos
ágeis e voz penetrante. Brilhante falador, quando argumentava sobre algum ponto
difícil costumava bambolear-se de um lado para o outro e menear o rabo,
movimentos que, não se sabe bem porquê, ajudavam a persuadir. Os outros diziam
que Squealer podia fazer do branco, preto.» (idem, ibidem, pp. 17 – 18)
Depois da
conquista do poder na quinta, duas facções se formam: uma liderada pelo porco
Snowball, adepto do socialismo moderno e democrático, usando a astúcia e a
argumentação para atingir o seu objectivo: a liderança do poder.
Ele próprio
redige uma espécie de Constituição, cujo objectivo é regular o funcionamento da
quinta. Tal Constituição comporta sete Mandamentos:
Um dia
Snowball e Napoleão anunciaram que, «em
consequência dos estudos feitos, os porcos, tinham conseguido condensar os
princípios do Animalismo em sete mandamentos que iam ser escritos na parede, em
grandes letras, mandamentos esses que constituiriam uma lei imutável, que
regularia a vida dos animais para sempre». (idem, ibidem, p. 24)
Eram os
seguintes os sete mandamentos:
1 – Tudo o que anda com 2 pés é inimigo.
2 – Tudo o que anda com 4 patas ou com asas é amigo.
3 – Nenhum animal usará roupa.
4 – Nenhum animal dormirá na cama.
5 – Nenhum animal beberá álcool.
6 – Nenhum animal matará outro animal.
7 – Todos os animais são iguais.
Snowball
era infatigável em arranjar comissões de animais para vários fins. Pelo
contrário, Napoleão não se interessava pelas comissões que aquele formava. «Dizia que era mais importante cuidar da
educação dos novos do que da dos crescidos.» (idem, ibidem, p.
32)
Entretanto
Jessie e Bluebell, tiveram filhos, nove bonitos cachorros. «Assim que foram desmamados, Napoleão
tirou-os às mães, dizendo que queria responsabilizar-se pela sua educação.
Levou-os para um sótão, aonde só se podia ir por meio de uma escada e
conservou-os tão afastados do resto da quinta, que os outros animais depressa
se esqueceram deles.» (idem, ibidem, p. 32)
O leite e
as maçãs da quinta eram reservados para os porcos, tendo Squealer argumentado
que era para o bem de todos que os porcos bebiam leite e comiam maçãs.
«Começou a ser aceite que, sendo os porcos os
animais mais inteligentes do que os outros animais, lhes competia resolver as
questões de política da quinta, devendo, no entanto, as suas decisões ser
aprovadas por maioria de votos. Isto estaria muito bem se não houvesse disputas
entre Snowball e Napoleão. Quando uma discordância era possível, nunca
concordavam. Se um sugeria que se semeasse maior área de cevada, o outro
preferia que se semeasse maior área de aveia; se um deles entendia que certo
campo era bom para couves, logo o outro sustentava que só servia para
beterraba. Cada um tinha os seus adeptos e por vezes a luta tornava-se
violenta. Nas reuniões Snowball ganhava pelos seus belos discursos, mas
Napoleão era mais esperto em angariar votos no intervalo das sessões.» (idem,
ibidem, pp. 42 – 43)
Snowball
decide então a construção de um moinho de vento, no ponto mais alto da
propriedade, «que poderia accionar um
dínamo e fornecer energia eléctrica à quinta» (idem, ibidem,
p. 43). Este fazia o desenho de
fantásticas máquinas «que se
encarregariam do trabalho enquanto eles espaireceriam pelos campos ou se
instruiriam com leituras e conversas.» (idem, ibidem, p.
45)
Napoleão
pronunciara-se contra a construção do moinho desde o princípio.
«Toda a quinta se encontrava dividida por
causa do moinho.
Snowball não negava que a sua construção seria muito
difícil. As pedras deviam ser cortadas e reunidas em paredes, seria necessário
fazer as velas, precisava-se depois de dínamos e cabos, e Snowball não sabia
como havia de arranjar tudo isso. Mas garantia que o conseguiria dentro de um
ano, e depois muito trabalho se pouparia e os animais só precisariam de trabalhar
três dias por semana.
Napoleão, por seu lado, dizia que era indispensável a produção
e que, se fossem perder tempo no moinho de vento teriam a fome e portanto a
morte.
Os animais dividiram-se em dois grupos. Uns gritavam:
— Votai por Snowball e três dias de trabalho por semana!
Berravam
os outros:
—
Votai por Napoleão e muita comida!»
Benjamim era o único que se mantinha
neutral: não se inclinava para um lado nem para o outro. Não acreditava que
viesse a ter mais comida, nem tão-pouco que o moinho poupasse trabalho. Com
moinho ou sem moinho a vida havia de continuar como sempre – isto é, mal.»
(idem, ibidem, pp. 44-45)
Chegou,
finalmente, o dia em que Snowball finalizou os seus planos. No domingo seguinte teria de ser decidido,
através de votação, se deveria ou não ser construído o moinho de vento.
Antes do
momento da votação, Snowball defendeu aquela construção, enquanto Napoleão
explicava que aquilo era uma asneira.
«Até aí os animais estavam divididos nas suas
simpatias, mas Snowball, num rasgo de eloquência conquistou-os». (idem,
ibidem, p. 46)
E quando
tudo se preparava para a votação, Napoleão «deu
um grito como até então ninguém lhe tinha ouvido» (idem, ibidem, p. 46) e nove enormes cães, usando coleiras de latão,
invadiram o celeiro, onde se realizava a reunião, e dirigiram-se a Snowball,
que apenas teve tempo de saltar do lugar para escapar aos seus dentes e fugir
dali, perseguido pela matilha, até conseguir esgueirar-se por um buraco na
sebe, não tornando a ser visto.
Os animais
não compreendiam de onde tinham vindo os cães, mas depois o assunto foi
esclarecido: eram os cachorros que Napoleão alimentara e educara secretamente. «Muito embora ainda novos, eram corpulentos
e tinham olhar de lobos. Foram sentar-se ao lado de Napoleão e foi observado
que davam ao rabo em sinal de satisfação, exactamente do mesmo modo que os
outros cães faziam ao sr. Jones, o antigo dono da quinta.» (idem,
ibidem, p. 47)
Um dia os
animais ficaram surpreendidos quando Napoleão lhes anunciou que ia construir o
moinho de vento. «Não explicou por que
tinha mudado de ideias.» (idem, ibidem, p. 49)
E Squealer
explicou aos outros animais que Napoleão nunca se opusera à construção do
moinho de vento; afirmava que advogava desde o início a sua construção e que o
plano desenhado por Snowball tinha sido roubado a Napoleão.
«Alguém quis saber então o motivo por que
[Napoleão] tinha falado contra ele com
tanto ímpeto.
Squealer explicou, com velhacaria:
— O camarada Napoleão procedeu com muita inteligência.
Falou contra o moinho só com o intuito de se ver livre de Snowball, que era um
mau carácter e um mau elemento.» (idem, ibidem, p. 50)
«Todos os animais se esforçavam como
escravos, mas eram felizes. Não se queixavam do sacrifício que estavam a fazer
porque sabiam que tudo era em seu benefício e dos seus semelhantes que depois
viessem (...).» (idem, ibidem, p. 51)
A partir de
determinada altura os porcos ocuparam a casa da quinta e instalaram-se nela.
Logo os animais se lembraram do que tinha sido combinado nos primeiros dias da
Revolta. Squealer procurou convencê-los da justeza de os porcos viverem na
casa, já que eram o cérebro da quinta e necessitavam de um lugar sossegado para
trabalhar, acrescentando que era preciso dar certa representação e dignidade à
posição do «chefe».
«No entanto os animais começaram a vociferar
quando souberam que os porcos tomavam as refeições na cozinha, se serviam dela
para recreio e dormiam nas camas.» (idem, ibidem, p. 56)
E o moinho
estava quase construído, o que era motivo de orgulho para os animais. «Só o velho Benjamim se recusava a mostrar
entusiasmo e somente repetia o seu conhecido estribilho: os burros vivem muito».
(idem, ibidem, p. 58)
Numa noite,
sobreveio um temporal tão forte que derrubou o moinho, tendo Napoleão acusado
Snowball e oferecido uma recompensa pela sua captura.
Os animais
voltaram ao trabalho. Os alimentos começaram a escassear. Todos os males
ocorridos na quinta eram atribuídos a Snowball.
Um dia, os
animais assistiram a algo de terrível: a execução de vários camaradas.
«Se ela [Clover, a égua] pudesse expor os seus sentimentos diria que
não era isso o que eles desejavam quando destronaram a raça humana. Estas cenas
de terror e assassinato em nada se pareciam com o que visionavam naquela
primeira noite em que Major lançara as bases para a Revolta. O seu ideal era
uma sociedade de animais livres da fome e do chicote, todos iguais, cada um
trabalhando segundo a sua capacidade (...). (idem, ibidem, p.
70)
E os
animais continuaram a trabalhar sempre com mais dureza, para acabar o moinho
numa data prefixada. «Em certas ocasiões
parecia aos animais que trabalhavam mais horas e não se alimentavam melhor do
que no tempo de Jones. Nos domingos de manhã, Squealer lia uma tira de papel
com números que provavam que na produção de cada classe de cultura se haviam
obtido aumentos de 200, 300 ou 500%, conforme o caso. Os animais não tinham
motivos para duvidar, tanto mais que não sabiam as condições de produção da
quinta antes da Revolta.
De qualquer forma o que eles ambicionavam era mais comida
e menos números.» (idem,
ibidem, pp. 73 – 74)
Os animais
iam descobrindo que os Mandamentos escritos na parede do celeiro iam sendo
alterados, segundo as conveniências dos porcos.
Os animais
iam sofrendo privações, mas «estas eram
em parte compensadas por uma maior dignidade de vida» (idem,
ibidem, p. 92), sendo «mais frequentes as cantigas, os discursos,
os cortejos». (idem, ibidem, p. 92)
Na
Primavera, a Animal Farm proclamou a República e tornou-se necessário eleger um
presidente. Havia um só candidato, pois o adversário, Snowball, fora escorraçado
da quinta: Napoleão, que foi eleito por unanimidade.
Conquistado
o poder, devido a calúnias, traições e ao uso da força, Napoleão modifica a
Constituição anterior, de acordo com os seus ideais. A sua Constituição apenas
contém cinco Mandamentos:
1 – Tudo o
que anda com 4 pernas é bom, com 2 pernas é melhor.
2 – Nenhum
animal deve dormir em cama com lençóis.
3 – Nenhum
animal deve beber álcool em excesso.
4 – Nenhum
animal matará outro animal sem causa.
5– Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que
outros.
Os porcos
ia fazendo negócios com os vizinhos. Um dia, venderam a madeira a Frederick. As
notas de banco relativas ao pagamento foram inspeccionadas e verificou-se que
eram falsas. E foi preferida a sentença de morte daquele. Entretanto, Frederick
atacou a quinta e vários animais foram mortos e muitos outros feridos; o moinho
foi destruído.
A luta foi
sangrenta. Apenas o aparecimento inesperado dos nove cães da guarda pessoal de
Napoleão provocou o pânico nos atacantes, que se puseram em fuga. Os animais
celebraram a vitória.
Logo que
acabaram as festas da vitória, recomeçou a construção do moinho.
A quinta
gerida pelos porcos «enriquecera sem que
os animais se tornassem mais ricos – excepto os porcos e os cães – talvez
porque houvesse tantos porcos e tantos cães (...)». (idem,
ibidem, p. 102)
Apenas os
porcos e os cães tinham a vida mais facilitada. Os animais mais velhos puxavam
pela memória e procuravam recordar-se de como eram os dias nos primeiros tempos
da Revolta, quando Jones fora expulso. Mas não havia termos comparativos. «Os únicos elementos de comparação de que
dispunham eram os números que Squealer mostrava, dizendo que tudo ia de bem a
melhor.» (idem, ibidem, p. 103)
Aos animais
o problema parecia insolúvel. Além disso, havia pouco tempo para pensar. «Somente o velho Benjamim dizia lembrar-se do
mais pequeno pormenor da sua longa vida e saber que as coisas nunca tinham
sido, nem poderiam vir a ser, muito melhores ou piores – fome, trabalho e
desapontamento era uma inalterável lei da vida.» (idem,
ibidem, p. 103)
Até que um
dia apareceu apenas um Mandamento na parede do celeiro: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”.
(idem, ibidem, p. 106)
A partir
dali, «ninguém se admirou de que, no dia
seguinte, todos os porcos levassem chicote. Também não causou espanto que os
porcos tivessem comprado uma telefonia, instalado telefone e assinado os
jornais John Bull, Tit-Bits e Daily Mirror. Nem se estranhou quando Napoleão
passeou no jardim, de cachimbo na boca, nem tão-pouco que os porcos tivessem
tirado os fatos de Jones do guarda-roupa e os vestissem. Napoleão aparecia de
casaco preto, calções de golfe, polainas de coiro e a sua favorita ostentava o
vestido de seda que a sr.ª Jones usava aos domingos.» (idem,
ibidem, pp. 106-107)
Os vizinhos
agricultores foram convidados para uma visita à quinta. Nessa noite, ouviam-se
altos risos e cantigas ressoavam na casa da quinta. O som de vozes misturadas
despertou a curiosidade dos animais. Os mais altos espreitaram pelas janelas,
tendo ficado surpreendidos com o que viram: homens e porcos confraternizavam,
bebendo canecas de cerveja. Uns e outros discursaram e Napoleão anunciou que
doravante a quinta chamar-se-ia “Manor Farm”, o seu antigo nome, e propôs um
brinde à prosperidade da mesma. Todos os convivas aplaudiram entusiasticamente
e esvaziaram as canecas.
Quanto mais
os animais cá fora olhavam, mais estranho achavam tudo o que estava a
passar-se. Parecia que se tinha alterado alguma coisa na cara dos porcos.
Terminados os aplausos, o jogo de cartas que tinha sido interrompido, foi
retomado.
Os animais
retiraram-se silenciosamente. Contudo, poucos metros tinham andado quando o
ruído de vozes os fez retroceder. Lá dentro decorria uma luta violenta,
originada pelo facto de Napoleão e o sr. Pilkington terem descartado simultaneamente
o ás de espadas.
E o
narrador observa: «Não havia dúvidas
agora sobre o que estava acontecendo às caras dos porcos. Os que se encontravam
lá fora olhavam do porco para o homem, do homem para o porco e novamente do
porco para o homem, mas era já impossível distinguir uns dos outros» (idem,
ibidem, p.111)
©
Telmo Bértolo
terça-feira, 19 de setembro de 2017
«O Triunfo dos Porcos» é uma fábula interessantíssima sobre a luta pelo poder
«ANIMAL
FARM» é a minha obra predilecta de George
Orwell, desde que a li em versão original, quando frequentava o Curso Complementar dos Liceus, no Liceu Nacional de Rodrigues de Freitas,
no Porto, no já longínquo ano lectivo de 1977/78. Já a li várias vezes ao longo
da minha vida e não me canso de a reler.
Naquela
época existia também uma tradução da obra, publicada pela Editora Perpectivas
& Realidades, que optou pelo título «O TRIUNFO DOS PORCOS».
A
obra de George Orwell é uma fábula sobre a luta pelo poder, sendo considerada pela
crítica uma denúncia sarcástica do estalinismo.
A
propósito da sua obra, George Orwell revelou
em Why I Write: «Todas as linhas de trabalho erudito que escrevi desde 1936 foram escritas,
directa ou indirectamente contra o totalitarismo e em defesa do socialismo
democrático, tal como eu o compreendo.»
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
sábado, 9 de setembro de 2017
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
Ministério da Educação apresenta Aprendizagens Essenciais
O Ministério da Educação disponibilizou recentemente o documento Aprendizagens Essenciais, que já serve de documento de trabalho às escolas nas quais irá ser testado o Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular dos ensinos básico e secundário (Despacho n.º 5908/2017, de 5 de julho). Este novo documento substituirá a curto e médio prazo as Metas curriculares, implementadas durante a governação de Nuno Crato.
segunda-feira, 31 de julho de 2017
segunda-feira, 17 de julho de 2017
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