Fátima Marinho apresentou no passado sábado em Cabeceiras de Basto o seu livro de poesia Ama-me sem me suportares!. Aqui fica um cheirinho da poesia desta poetisa cabeceirense que Jorge Listopad considera «uma poesia espontânea baseada no sentimento entre a delicadeza e a exacerbação, tipicamente feminina, tal como era a poesia de Florbela Espanca ou de Anna Akmatova; porém diferentes. Florbela joga a sua existência, Ana Akmatova, essa grande poetisa russa, faz subir o tom ao que chamaria de transcendência.»
Renovação
Às vezes,
Não sei o que tenho,
Parece que viro o mundo.
Logo depois,
Num segundo,
Vira-se o mundo contra
mim.
Às vezes,
Falta a magia.
Tudo parece frio,
Vento,
Dor,
Diabos e lamento.
Às vezes,
Falta a magia.
Às vezes,
Na noite escura,
Chego a duvidar do dia.
Mas volta o dia teimoso,
Sorrindo louco de luz.
Às vezes,
Falta a magia,
Mas sempre,
No fim da noite,
Oiço este bater:
- Truz, truz.
Lá vem o sempre teimoso,
É mais um dia,
Outra
luz.
Fátima Marinho, Ama-me sem me suportares!,
Alphabetum
Editora, Lisboa, Dezembro 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário