O Ministério da Educação e Ciência
decidiu que doravante o Registo Biográfico de cada docente terá também um
formato digital e a DGAE (Direcção-Geral da Administração Escolar já
tratou de enviar e-mails aos docentes
a dar-lhes conhecimento disso.
Acontece
que muitos docentes não receberam tal mensagem, pois entretanto mudaram de e-mail, como foi o meu caso. Esta
situação causa alguma surpresa aos docentes e muitos andam assustados,
recusando-se mesmo a preencher os dados solicitados, desconfiando da intenção
da DGAE. Mas o que tem assustado mesmo os mais afoitos é o que aparece, quando
se clica na Situação profissional: o
Vínculo Jurídico aparece alterado,
passando um Professor que antes era Efectivo a ficar na situação de “Contrato de
trabalho em funções públicas por tempo indeterminado”.
Poderá o MEC fazer isto? Não! Esta situação viola a Constituição da República Portuguesa e a Lei do Trabalho. Por outro lado, já há jurisprudência do Tribunal Constitucional que contraria aquilo. Aqui fica um extrato de um dos acórdãos:
“Não podendo dispensar livremente os seus
funcionários, o Estado também não pode livremente retirar-lhes o seu estatuto
específico. Com efeito, o funcionário público detém um estatuto funcional
típico quanto à relação de emprego em que está envolvido, estatuto este que
consiste num conjunto próprio de direitos e regalias e deveres e responsabilidade,
que o distinguem da relação de emprego típico das relações laborais comuns (de
direito privado). Esse estatuto adquire-se automaticamente com o próprio acesso
à função pública, passando a definir a relação específica de emprego que o
funcionário mantém com o Estado-Administração. Ora, a garantia constitucional
da segurança no emprego não pode deixar de compreender também a garantia de que
o empregador não pode transferir livremente o trabalhador para outro empregador
ou modificar substancialmente o próprio regime da relação de emprego, uma vez
estabelecida” (Acórdão 154/86).
Perante
isto, o que é preciso é calma. E será melhor irmos pensando em dirigir uma
missiva ao Secretário de Estado da
Administração Educativa a requerer a reposição da legalidade. É o que eu
estou a pensar fazer.
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